Tenho me debruçado sobre este assunto faz um tempo, e entendo que exista uma necessidade de um orgão, associação ou equivalente representativa dos RPGistas por alguns motivos, mas acho que a ideía ainda precisa aamadurecer.
Primeiro deixe-me explicar o porque de achar que é necessário:
Existem uma série de movimentos mal-informados da sociedade a respeito do que é RPG, tratando do assunto como se fosse algum tipo de lavagem cerebral.
Cito:
-Caso de assassinato em MG anos atrás, com alegações dos acusados de que a culpa fosse do RPG
-
Novela da Record feita com um roteiro feito nas coxas por gente muito mal-intencionada ou mal-preparada (tipico do canal, alias)misturando um grupo de jogadores com algum tipo de seita maluca.
-
Jornal "A Tribuna" de Vitória associando RPG também a bobagens, outra reportagem preconceituosa e burra.
-Criação de uma LEI que proibia a venda e consumo de jogos de RPG em Araraquara
(Lei estupida) - (lei, por sinal, que descobri graças ao Diego).
-Discurosos paranóicos e intolerantes de algumas denominações religiosas, que parecem precisar condenar a tudo o que lhes é diferente.
Somados a isso, uma série de dificuldades na importação de livros e materiais relacionados, o pouco apoio (como sempre) do estado para a leitura e para a escrita, e nossas bibliotecas carentes de qualquer material sobre o assunto (quase todas, ao menos), Burocracias mil para editoras pequenas comercializarem material em solo nacional, falta de espaços publicos onde exista um minimo de condições de jogadores se reunirem, etc etc, vejo como relevante uma associação, ONG ou o que for que sirva de ponte entre o RPG e a sociedade.
Seguindo:
NO ENTANTO, tanto a posição (agora oficial) do
Saia da Masmorra, quanto minha é
NEGATIVA em relação a apio a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JOGOS DE INTERPRETAÇÃO, ESTRATÉGIA E AFINS, no momento.
Entendo que o Diego, uma das cabeças a frente do projeto, e um cara que me parece extremamente bem-intecionado, queira o melhor do hobby para todos.
Tenho conversado bastante com ele, que me enviou a lei acima de Araraquara, bem como o estatuto da
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JOGOS DE INTERPRETAÇÃO, ESTRATÉGIA E AFINS , e ele, a todo momento, me pareceu alguém que está tentando fazer algo bacana.
Mas... tenho visto uma série de atropelos (listo alguns abaixo) que apontam que a ideia da associação ainda está verde e precisa ser repensada ou reconduzida.
Coisas como:
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Sistema de Cadastro pedindo CPF e RG na página de inscrição (sem as devidas explicações) - algo que já foi devidamente explicado, mas que já causou uma impressão ruim nos associados em potencial.
- Informações atropeladas em relação a apoiadores, como a Dungeons Carioca, o RPG no Bob´s e o proprio Saia da Masmorra, mesmo antes de termos um posicionamento oficial.
-Regras injustificáveis, como o de sócios-fundadores terem maior poder decisório do que associados posteriores, o que concentraria grande parte do poder de decisão no RJ, o que é ruim. Cada estado e região tem sua propria dinâmica, necessidades, facilidades e soluções. Já morri de elogiar o bom trabalho do pessoal de Natal, por exemplo, mas grupos de São Paulo, Belo Horizonte, Vitória e mesmo do interior do RJ tem realizado grandes conquistas e mostrado o RPG lentamente, mas de forma consistente, como um ganho social e não como um problema.
Por exemplo, eu, "tio Brega" posso me associar a eles, mas teria maior poder de voto do que o pessoal por exemplo, do Metagamers (cito como exemplo, não sei o posicionamento deles) que se associe, sei lá, ano que vem. E isso é um erro TREMENDO, porque o mesmo empenho que o SDM tem de divulgar o RPG o Metagamers tem lá em Sampa. então porque catzo eu teria maior poder decisório do que eles?
-Abuso no Uso de "Spams".
-Uso do nome de eventos cariocas como apoiadores sem que nada formal estivesse sido ainda estabelecido, como por exemplo, a reunião do SDM (de hoje, quinta), onde trataríamos do assunto, entre outros.
-Pouca habilidade do Relações Publicas em entender o posicionamento da
Dungeons Carioca, respondendo com ironia em vez de seriedade (nada contra o Thor, que respeito de longa data, mas foi algo que me pegou de mal jeito, pois justamente ele é quem deveria saber conduzir um texto crítico no caso).
Em virtude disso, o
grupo Saia da Masmorra optou por não apoiar a Associação.
Outros organizadores do RJ tem se posicionado de forma similar, como a moçada do
Dungeons Carioca * explicou essa semana em um bom texto do Dock, e, creio, o Marcelo Telles.
(*Discordo que seja preciso "História Pregressa", um dos poucos pontos que pareço discordar do pessoal do Dungeons -apesar de entender a argumentação e os receios).
Cheque em branco a gente só passa em situações assim quando os conceitos estão claros, quando há uma maturidade, um projeto definido, fontes de apoio e financiamento pelo menos previstas, regras democráticas e uma demonstração de que se sabe para onde dirigir o processo.
Pessoalmente, eu
NÃO estou sentindo uma base sólida para isso e já vivenciei problemas demais no RPG para estar otimista. Entendo que otimismo prescinda de fatos, aos quais não estou encontrando o suficiente para acreditar que a empreitada, do modo como está hoje em dia, encontre ventos favoráveis.
A minha preocupação não é a de que a
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JOGOS DE INTERPRETAÇÃO, ESTRATÉGIA E AFINS
se mostre nula em seus efeitos, mas sim de que, pela pouca consistência que ainda parece ter aos meus olhos, acabe por enfraquecer a opinião da sociedade sobre o hobby.
Do modo como estão indo estão mais
"batendo cabeça" que acrescentando. Todos os encontros cariocas foram montados com dificuldades particulares a cada grupo. Não conheço um organizador de encontros mensais aqui no Rio que não queira mais "concorrentes" porque todos nõs adoramos o Hobby e queremos mais gente jogando. Simples assim.
Mas sabemos o quanto nos custa de tempo, paciência, projeto, dialogo, eventualmente dinheiro, etc para fazer os mesmos funcionarem. Não é fácil, infelizmente.
Por isso, modo como a Associação está comentendo enganos, há, sim, um receio que o que poderia ser uma solução se transforme em mais um entrave.
Fica a eles a sugestão de
respirarem um pouco, reverem estratégias e repensar sua estrutura com maior atenção. Do modo como a coisa tem se apresentado eles não estão agradando inumeros associados em potencial, muito menos a maioria dos organizadores.
Boa parte das respostas no Facebook que tenho lido, aliás, é de bastante irritação com alguns dos erros acima citados.
Gostaria de salientar que nada disso é ser torcida "do contra" a associação, mas cabe a mesma, agora, mostrar a que veio.
É dela o
ônus da prova , no meu entender, de mostrar capacidade e jogo de cintura de resolver e erguer uma entidade de fato representativa, antes de solicitar apoio outra vez.
Eu realmente torço para que funcione. Mas não vamos no momento, emprestar o nome do SDM como apoiadores. Ainda que possamos, como jogadores, nos beneficiar de uma associação ou similar no futuro, com a forma como a proposta atual vem sendo conduzida, não entendemos que seja uma opção.
Sem mais, no momento,
"Brega Presley"
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