quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Algumas considerações sobre o seriado "d20"



Tem rolado facebook e blogsfera a divulgaçaode um financiamento coletivo do tal "D20", um seriado que promete trazer semanalmente uma hist´poria de ficção sobre RPG.

Cabem, evidentemente, algumas considerações, e, infelizmente, nem todas boas.

Vamos começar pela lascação de pau, por dizer assim:
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Quando o ator fala que já jogou "varias cosias" como "gurps, Vampiro e D&D", há problemas:

 É um texto que, se planeja divulgar o RPG está muito básico, mesmo para quem joga poucas coisas.

Tudo bem que o Saia da Masmorra não é parâmetro, porque o encontro é para se conhecer exatamente os jogos menos conhecidos, e coisa e tal, mas MESMO entre os mais jogados, Tormenta e 3d&T são mais conhecidos e divulgados entre jogadores brasileiros que, por exemplo, Gurps, hoje em dia.

(Sem juízo de valores e méritos de cada um aqui).

Seria interessante  o autor dar uma pesquisada mais a fundo em outros sistemas conhecidos, exatamente porque, se a idéia é apresentar  o jogo de forma positiva, é importante que ele vá além de um estereótipo de mais de 10 anos atrás sobre sistemas mais jogados.

Que fique claro, isso não significa que não apoie a iniciativa, só que como está não vai nem divulgar para  o publico leigo a realidade dos jogos no Brasil, e nem agradar muitos RPGistas, (na minha opinião) se ficar um texto pausterizado demais.

Os atores precisam de mais preparo. Houveram comentários em um dos videos que definem os atores como "parecendo idiotas" e por aí pra baixo. Entendo, até pela idade aparente deles, que ainda sejam iniciantes, mas é preciso se compreender que eles usarão uma mídia de curtissima duração e precisarão "seduzir" o quem assiste a gostar dos vídeos em poucos minutos, o que será muito difícil como está.

Uma sugestão é eles irem a encontros de RPGistas (existem bons em vários lugares do Brasil - não sei de que cidade eles falam)e façam aquela oficina básica sobre como jogadores falam e pensam, que joguem não apenas os tres listados, mas convivam um pouco com o pessoal. Acho que isso deve ajudar.

Há filmes e documentários sobre gamers - e não apenas RPGistas - que podem ajudar, também nesse sentido.

Como está, e sinto muito por dizer isso, não vai funcionar.

As definições tbm não funcionam de maneira tão estática. Ninguém se diz "sou o mestre   do jogo". No maximo o cara fala "mestro tal coisa", etc. Há muitos anos que é cada vez mais fina a diferença entre mestre e jogadores. As posições se invertem, quem mestra um dia, joga na campanha de outro cara, e por aí vai.

Pode parecer bobagem para quem não conhece as diferenças a fundo. Mas para quem conhece, de modo geral, fica meio pausterizado, sei lá. Parece meio esquema "malhação" ou novelinha da Record.

A "tribo" de RPGistras não é assim. A moçada trabalha, estuda, namora, se frocks em prova ou em casa, joga futebol, não joga futebol, etc, ou seja, tem uma vida absolutamente NORMAL e não são um bando de sonhadores idílicos.

Falta um trato mais "documentarista", mais "realista" nos personagens, de boa. De fazê-los "gente como a gente". Tipo, não tem nenhum gordinho no meio não? Nenhuma gotica-punk, nenhum nerd mal-humorado, etc?

Até gente de diferentes idades, como pais quem jogam com filhos, caras com 30 pensando em casar, ou cara estressado com final de faculdade.

Se vamos dividir os personagens em "tipos" padrão, eles não são definidos pelos tipos de personagens que curtem, mas sim porm outros parâmetros.

Exemplos:  "o doido- idiota, o Advogado de Regras, O Narrativista-detalhista, a Namorada-do-mestre, a "Que-joga sem os pais saberem porque não entendem", o que tá sempre sem grana, o metaleiro, o que está sempre dormindo, o alternativo-místico, etc.

Ou seja, um esquemão menos caverna do Dragão "tipos de personagem" e mais "Caverna do dragão tipos de personalidade".

Se é pra mostrar o RPG, pensem na personalidade dos jogadores e menos nas classes.

Agora, positivamente:

A iniciativa é boa. É necessária. Eu ou quaquer outra pessoa criticarmos não desfaz isso.

Temos um arremedo na população geral que mistura alhos e bugalhos dos jogadores, hora tratando o pessoal como avoados sem vida social, hora como satanistas serial-killers, sem nunca entender que um jogador de RPG não é um bicho do mato.

Mas para ser funcional, a iniciativa vai precisar mexer, e muito, nas próprias idéias pré-concebidas sobre jogadores e avançar a discussão um pouco.

Fazendo isso o programa pode, ao invés de reforçar estereótipos, realmente dar uma cara para o jogo e seus jogadores.

Braços e boa sorte, de qq modo para a empreitada.

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