Li e gostei do Terra Devastada (John Bogéa, Retropunk) e resolvi brincar com a idéia de um modo diferente. Em vez de simplesmente trazer fichas de personagens que criei, resolvi falar um pouco sobre algumas idéias para o cenário, acompanhada de um personagem.
Espero que gostem. Abraços
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Alguma Coisa no Ar (um Mini-Conto Para uma Terra Devastada)
Se
me perguntassem o que haveria de mais impressionante no Apocalipse Z antes de
vivenciar isso, iria chutar a selvageria de outras pessoas, a aparência
assustadora dos mortos-vivos, a velocidade com a qual o mundo havia ficado
deserto, ou mesmo a sensação de pânico e terror constantes.
Hoje,
se me perguntarem o que simboliza o apocalipse zumbi, minha resposta é: O mal
cheiro.
Corpos
apodrecidos por todos os lados, muitos dos quais não sobrou carne
suficiente
para virar um zumbi, liso não recolhido, canos de esgoto que não receberam
manutenção, bichos de estimação que morreram de inanição nas casas e as
intermináveis fogueiras de corpos por todos os lugares já compõe uma realidade
fedorenta.
Os
outros sobreviventes também não são exatamente um colírio para os olhos, se é
que você me entende. Imagine gente que não agride um chuveiro há meses, andando
de sol a sol, sem carregar um maldito desodorante, e muitos sem nem mesmo
escovar os dentes ou trocar de roupa. Pois é, depois reclamam que as pessoas
não se abraçam Quase acabou
devorado em um banheiro de um hotel poeirento dois meses atrás, porque se
esqueceu que o ruído não era exatamente seu amigo, e deu descarga, atraindo a atenção de um zumbi que estava de
bobeira ali por perto.
mais. Meu melhor amigo, Téo, tinha a seguinte teoria: a de que
os zumbis identificavam sobreviventes pelo cheiro. Assim, para disfarçar, ele
passava em si mesmo quilos de colônia, trocava roupas constantemente e tomava
um banho sempre que podia.
A
boa notícia é que em meio a tudo isso o rastro podre que u zumbi deixa
impregnado no ar, pode salvar sua vida. Nossa espécie nunca foi constituída de
farejadores muito notáveis, mas o pouco
que temos neste sentido, é útil. Se meu amigo tivesse prestado atenção nos
cheiros dos zumbis, em vez de se preocupar com o próprio, teria corrido menos
ricos daquela vez.
Mas
o pior para mim são os supermercados. Sabe aquelas imagens de filmes, onde
semanas, ou mesmo meses, após o Colapso, sobreviventes entram tranquilamente em
um, para procurar por latinhas de atum e umas garrafas de água? Esquece.
As
frutas são as primeiras a apodrecer, mesmo nas cidades que ainda não entraram
em blackout, e o cheiro de quilos e quilos de bananas podres são quase um soco
na cara. Mas mesmo nessas condições, sem blackout, as carnes em geladeiras
começam a apodrecer, talvez até as congeladas, potes em conserva e latas
começam a estufar e explodir e animais que fizeram dos supermercados seus
habitats, como ratos, moscas e cães selvagens não transformam nada disso em um
paraíso. Litros de leite vazando pelos
corredores, deixando o chão grudento, e a poeira formada por nuvens de mofo são
um espetáculo à parte.
Isso
sem falar em zumbis de patins, que podem ser engraçados, mas se pegam
você, não são menos perigosos. Téo concordaria com isso se não tivesse sido assassinado na sessão de higiene pessoal, semana passada.
Ainda
encontramos comida enlatada útil, claro,
e agua potável, apesar de já ter visto garrafas com mofo dentro (nos
supermercados que o ar-condicionado não
funciona), mas supermercados são cada vez locais menos atraentes de se visitar.
Então,
novamente, se me perguntassem sobre apocalipse zumbi hoje, eu diria que uma bela
mascara contra gá é o item mais importante de ser obtido após um colapso zumbi.
Porque não adianta nada uma escopeta maneira, ou um bom par de tênis se você
não consegue manter os olhos abertos por causa da irritação nos olhos e nem
respirar por causa do fedor avassalador com a qual tem de conviver. E acredite, não é algo a qual um dia você vá se acostumar.
Ficha de Marcos:
(Brega Presley)
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