O texto abaixo é uma tradução de uma antiga resenha, feita por Arnold Hendrick, que é um autor relevante entre os wargamers.
O texto foi desencavado pelo Igor, e a tradução foi feita pelo Brega (eu).
A idéia é ajudar a disponibilizar a história do RPG, inclusive repassando como era visto por outros gamers em seu primódio.
O texto é de 1974, e apesar de achar várias referências ao mesmo, não localizei a publicação original.
Segue:
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Rules Review:
Por Arnold Hendrick
Dungeons & Dragons de Gary Gygax &
Dave Arneson (resenha de Arnold Hendrick)
Três volumes de capa mole, totalisando 112
páginas, com cinco fichas de personagem
Disponibilizado por Tactical Studies Rules, 542
Sage Street, Lake Geneva, WI. 53147 por $10,00
Com o subtítulo “Regras Para Campanhas de
Wargames Medievais com lápis, papel e miniaturas”, estes
livretos buscam delinear um sistema para “jogar” o tipo de
aventuras de fantasia que antes poderiam ser lidas em livros. O
conceito é marcadamente interessante, já que a mesma pessoa
interessada em se ver enfrentando um Napoleão ou Manstein*1 também
poderá achar agradável a similaridade com Conan ou John Carter.
O “Jogo” realizado por vários aventureiros e
um árbitro. Os jogadores, que começam próximos da absoluta
ignorância, devem se aventurar pela natureza à sua volta, ou em
masmorras e câmaras subterrâneas nas proximidades. O árbitro é
informado de cada ação, e após consultar os mapas que tiver
produzido, as tabelas e informações básicas dos livretos, bem como
sua própria imaginação, dá ao jogador uma resposta. Aqueles que
se lembram de “Modern Warfare in miniature” de Korn, verão os
paralelos, apesar das regras de Korns*2 serem melhor amarradas. Aqui,
introduções são feitas nas mais diversas àreas de interesse:
finança, magia, habilidades de luta, línguas e monstros dos mais
diversos tipossão descritos (de goblins, orcs, gigantes e dragões
para mais esotéricos manticoras, quimeras, wyverns, além de
múmias hollywoodianas, vermes púrpuras, babas verdes, melecas
acinzentadas e gelatinas negras.
No geral, se tentaram fazer coisas demais nestes
livretos, com muitos poucos detalhes, explicações ou procedimentos.
“Chainmail”*3 é a referência para combates pessoais, mas as
características de dano múltiplo dos personagens neste jogo não se
encaixam com os confrontos de vida-ou-morte do original, nem fornece
uma pista dos efeitos de um míssil mágico, exceto que a habilidade
normal de quem dispara se estende para o alcance máximo do disparo,
com restrições e opções especiais como as permitidas nas regras
da seção de multi-fuguras de “Chainmail”. O resultado é uma
bagunça de interpretações que testam a paciência de gamers ao
extremo. Pior, combate pessoal é a área que recebe maior atenção,
e as coisas vão ladeira abaixo a partir daí.
Jogar pessoalmente é usualmente impossível, já
que o árbitro só poderá mostrar ao jogador o que o aventureiro o
terreno que ele estiver cruzando naquele instante mais o que quer que
ele tenha em seu raio de visão. Apenas grandes batalhas são
adequadas para tabuleiros. A solução mais óbvia parece se jogar
por telefone, ou, quando as distâncias forem realmente grandes, por
carta. Para aqueles sem gasolina para visitar amigos wargamers, ou
sem carro, Dungeons and Dragons pode ser bastante interessante,
apesar disso. Por exemplo, em uma aventura teste recentemente
concluída, o Acolyte Dorn da
vila de Thane se aventurou pelas ruínas de Takator, optando por uma
aventura em uma masmorra no subterrâneo ao invéz de uma expedição
na natureza selvagem. Após encontrar várias portas que sua força
não permitia mover, ele finalmente abriu uma em que estavam quatro
ghouls, que se lançaram em sua direção. O bem equipado Dorn (com
malha, escudo, lança e besta) teve permissão do gentil árbitro
para atirar e então atingiu o primeiro com uma lança; Sendo hábil
com armas e outras coisas, Dorn derrubou dois dos ghouls, mas foi
tocado então pelo terceiro, uma ciscunstância que o petrificou,
enquanto os ghouls agiam matando Dorn e com isso transformando-o em
um ghoul. Mais sorte na próxima vida!
Além dos problemas envolvidos no jogo (encontre
um árbitro intrépido), o outro fator desencorajador é o preço.
Estes livretos podem ser comparáveis a “The Courier”*4 em
qualidade física, mas $3,50 para cada livreto cada livreto é um
preço alto. Pior, todos os três são necessários. Os gráficos,
considerando o formato, são decentes, com algumas excelentes
ilustrações, mas algum espaço poderia ser poupado sem comprometer
a aparência.
No geral, o conceito e imaginação são
atordoantes. Entretanto, muito mais trabalho, refinamento, e
especialmente regularização e simplificação são necessários
antes do jogo se tornar manuseável. Os objetivos estão altos
demais, ao mesmo tempo que se espera do árbitro coisas demais em
comparação aos jogadores. Se você necessita de ideias para
ajudarem suas próprias aventuras em jogos de fantasia, estes
livretos serão úteis; senão seus dez dolares serão desperdiçados.
Eu não recomendo o jogo para os típicos wargamers.
*2 “Modern
War in Miniature” de Michael F. Korns, salvo engano publicado em
1966, em algumas versões com o subtitulo “a
statistical analysis of the period 1939 to 1945” pela editora M&J
Independent Research Co.
*3
Aqui
ele está citando o livro “Chainmail” do tio Gary, de 1971,
creio. Não sou um bom conhecedor de DeD, mas me parece que foi o
livro usado como base para Dungeons.
*4
Creio que aqui ele se refira a uma revista sobre wargames de mesmo
nome.
Imagens:
Imagem da caixa do primeiro DeD. Segundo o site nerdapproved, estava sendo vendida por 2500 doletas. Um belo investimento, não?
Imagem da resenha original, que pode ser lida mais facilmente neste link de um forum, " Gary Gygax. Lord of The Nerds"
Capa de 1966 do livro citado de Michael F. Korns
Terceira edição do antigo livro de Gary Gygax e Jeff Perren.
Capa de uma edição da revista "The Courier".
Brega, com a ajuda do Igor.
Ps: Podem surgir discordâncias referentes à tradução, e se existirem, por favor avisem a gente.
Ps2: Se alguém for reproduzir a presente tradução, por favor, não deixa de linkar o site de onde retiraram a mesma.
é interessante saber como eram os rpg's em sua gênese e como eram vistos.
ResponderExcluirse 10 dolares era muito, o q será q ele diria dos preços dos rpg's de hj em dia
Igor e Brega, Parabéns, adoro ler material sobre a história do RPG que ainda não vi! E muito bom para a nova geração conhecer um pouco sobre as origens do jogo.
ResponderExcluirAbs
Luciano Tolkien
Quem desencavou essa resenha foi o Igor, eu só traduzi.
ResponderExcluirSe quiser eu tenho o Modern War, mas ainda não li.
O ChainMail, acho, você tem, mas se não tiver, eu consegui tbm.
Abraços
El Brega