sábado, 29 de setembro de 2012

Cancelamento da RPGCON- Algumas Considerações:



Passado os dois primeiros dias de tristeza e indignação rede afora, minha opinião é a seguinte:

 É um absurdo não termos, ainda hoje em dia, com 20 anos de RPG nacional bem difundido, eventos de grande porte com um mínimo de  regularidade.

Talvez a solução sejam eventos bienais, com mais tempo para organização e levantamento de patrocínio, talvez a solução passe por consumidores aprenderem quais editoras merecem nosso investimento, quais não.

O fato é que só há pouco tempo tenho visto autores e editoras com trabalhos mais sérios, mas ainda é pouco perante  o que já poderia estar sendo feito.

O RPG, aqui e lá fora, não soube lidar com novos produtos, como os cardgames, com novas realidades, como livros eletrônicos , ou novos perfis de jogadores, como os saídos de RPGs eletrônicos. Mas lá fora não deixaram de existir bons eventos, bons lançamentos e o numero de editoras e autores é enorme.

Aqui temos algumas editoras com trabalhos realmente excepcionais, alguns autores excepcionalmente capazes, fora disso, muita coisa sendo feita nas coxas.

Uma das soluções, como financiamento coletivo, já foi extremamente bem-sucedida em casos como o Violentina, mas já mostra que pode sofrer um esgotamento, uma vez que depende de confiança dos patrocinadores individuais. E estes podem começar a deixar a empolgação de lado e pedir algum tipo de garantia.

Amor não substitui amadurecimento. E em um mercado com mais de duas décadas de existência, que já alcançou até a maturidade, é incrível que algumas liçoes ainda não tenham sido absorvidas pelo mercado.

De organizadores de eventos que participaram de bate-bocas, a brindes prometidos e jamais entregues, passando por uma dificuldade enorme em se saber fazer a crítica e se saber aceitá-la, a impressão que tenho é que ainda engatinhamos demais nos Role Playing Games, assustadoramente demais.

Vamos brincar de RPG, mas vamos levar a brincadeira a sério. Temos tido um excelente impulso recente no hobby, e este deve continuar,. Mas não indefinidamente.
É necessário se evitar algumas bolhas e saber crescer, desta vez, com um pouco mais de solidez.

Para isso eventos grandes são preciosos. E empresas que realmente se comprometam, com eventos ou com publicações,são quase obrigatórias, independentemente dos eventos.

Publicações ruins, caras, com traduções entregues a pessoas sem competência (não é necessário citar a quem me refiro, pois não?), já é algo ruim. Se uma empresa deixa de patrocinar um evento que garante a continuidade de um mercado da qual eles retiram lucros, é problema deles.

Mas a gente continuar a consumir produtos desta mesma empresa, sem qualidade, sem preço acessível, e sem qualquer retorno na forma de patrocínio... bom, aí é problema da gente. Simplesmente parem de comprar. Livros, quadrinhos, cardgames, qualquer coisa que identifiquem com quem não faz por merecer a confiança depositada.

Algumas vezes  o silêncio é mais barulhento que gritos de protesto.
Pensem nisso.

Brega Presley

7 comentários:

  1. Salve!

    Brega, lúcido seu texto, como de costume... mas naturalmente falta algumas informações que não foram passadas... lembre que ninguém é vilão de sua própria história!
    Quem sabe numa próxima visita sua a Sampa (ou minha ao Rio, quem sabe?), você fique sabendo de alguns fatos (sim, fatos!) que façam você pensar diferente.

    Grande abraço!!

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  2. Jaime, sem problemas.

    Nada contra. Só vou discordar com o "... lúcido como de costume", que eu e a lucidez não somos lá muito aparentados (ou não me apelidaria de "Brega" em reconhecimento a isso).

    Abraços

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  3. É Realmente uma pena que as grandes empresas não juntem forças para arealização de um vento nacional.
    Com a união de nomes como Devir, Redbox, Jambô, Retopunk, Coisinha Verde, etc... será que os maiores interessados na venda e divulgação do RPG no país não sairiam ganhando com uma RPG Con todo Ano?
    O fim do Encontro Internacional de RPG pra mim foi uma das maiores derrotas para o Hobby no Brasil.

    Bem... vai ver que o futuro do RPG são os eventos pequenos e regulares mesmo.

    Jaime, espero que os "fatos" sobre os quais você fala não sejam muito graves, relamente quem tá de fora não sabe o tamanho do problema.

    Boa sorte para vocês aí!

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  4. O que vi até agora (e talvez isso não esteja claro no texto) é que é bobagem demonizar os organizadores.

    Seja como for, tenho quase certeza, os organizadores terão custos incobertos, que sairão possivelmente de seus bolsos com o cancelamento, e isso, de um modo ou de outro, é um fato a ser considerado antes de se criticar alguém.

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  5. Salve!

    Luciano, não acho difícil essa união não, precisaria de alguem que se dispusesse a procurar todas com um espírito de união, sem se deixar levar por isto ou aquilo. Não há grandes rivalidades, apenas falta de contato mesmo. Sobre os fatos, não são grandes revelações não, são simplemsmente pequenos aspectosdo caso que acabam sendo omitidos porqueum ou outro lado não semanifestam a respeito. Sério, é falta de conversar direito mesmo.

    Brega, os organizadoresse esforçaram muito nesses três anos. Vi de perto alguns desses esforços, e participei de duas edições e fiz uma"cobertura" da terceira. A questão é que é muita inocência achar que foi um ou outro detalhe que inviabilizou esta edição do evento, quando na verdade foram três anos de problemas seguidos. Tanto Wallace como D3 repetitas vezes disseram que o evento não se pagava, e que tinham vários problemas em sua realização.
    OK, se você tem uma atividade qualquer que dá um considerável prejuízo, na minha opinião sobram duas opções: viabilizar a atividade para que não gere mais prejuízo, ou então cessá-la completamente.
    E aí vem a pergunta? O que era necessário fazer para acabar com 3 anos de prejuízo? Por que não foi possível solucionar isso? Se o problema este ano foi somente falta de apoio, como alguns ficam dizendo (naõ os organizadores, outras pessoas), por que o evento deu prejuizo nos anos anterores? Também foi falta de apoio?
    Essas questões discutidas com mais objetividade e menos paixão poderiam ajudar outros organizadores a não fazer os mesmos erros e procurar soluções. Para talvez encontrar novos portadores da tocha, já que o RPGCon surgiu também com o desaparecimento do EIRPG...
    Enfim, minha opinião. :)

    abraços, meus caros!

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  6. Atenção galera!!!

    Deixando os aspectos organizacionais de eventos um pouco de lado, alguns amigos e eu, mestres de antigos Encontros Internacionais e da RPGCON, estamos lançando uma alternativa para o dia 14 de outubro.
    Mesas de RPG no Parque do Ibirapuera às 14 horas.
    Nós iríamos mestrar na RPGCon e agora faremos no parque. Inclusive uma mesa já confirmada é do cenário Ezion, que é participante do concurso “Seu mundo na REDBOX”.
    Procurem-nos no facebook, estamos fazendo o movimento na própria pagina da RPGCon de lá.
    Dia 14 as 14 horas no Pq do Ibirapuera.

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  7. Jaime, cara, li e reli o que escrevi, e não sei se conseguiria ser mais claro.

    Mas eu NÃO estou malhando os organizadores. Ao contrário.

    Acho que o mercado ainda tem muito a oferecer e tbm a amadurecer, mas minha tentativa é exatamente a de tirar de sobre o ombro dos caras o peso.

    Vou explicar minha vivencioa pessoal: Meu pai fez um congresso de Sexualidade Humana uma vez em São Paulo e VENDEU UM APARTAMENTO para saldar dívidas.

    Fez isso feliz porque podia. Não é a realidade financeira da maioria. Imagino que os caras tenham pilhas de custos a cobrir, independentemente do cancelamento (não sei, é só chute). E mesmo que não precisem vender imóveis, mesmo que não tenham um ai de dividas, com certeza gastaram um puta de um tempo nessa história.

    Financiamento de empresas é algo complicado, nem sempre é possivel se ter certeza, por isso meu peso a mais no texto em cima delas (ou de uma delas). Mas nem isso tenho certeza.

    Só posso afirmar o seguinte: É muito cedo e os animos estão exaltados demais para ser adequado "larcar o pau" na organização.

    Se eles tiverem comido bola (acho que não, mas sei lá), ainda assim não acho justo cobrar dos caras algo que ainda é extremamente comum no mercado.

    Abraços.

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