quarta-feira, 13 de novembro de 2013

My Life With Master: RPG Indie Fraquinho.

Confesso que quando li o RPG "My Life With Master: " (um RPG Indie) da primeira vez fiquei empolgado.
Fiquei devendo uma opinião DEPOIS QUE JOGASSE, então demorei, mas faço isso agora.

Por alguma razão obscura naquela primeira vez, considerei que o jogo tinha uma verve para  o humor negro melhor do que de fato tem.

Até aí, nada demais. O jogo tinha um bom potencial, e em uma segunda lida, dessa vez mais a sério, me interessei pela dinâmica da coisa.

O RPG não é todo ruim. Ele tem uma construção inicial, principalmente do "Mestre" enlouquecido, bastante interessante.

Criei, com um grupo de adolescentes para quem mestro  uma Cientista Louca bastante convincente e os personagens fircaram, enquanto conceitos, bem interessantes (como a lacaia que era surda - mas somente para vozes graves, ou troglodita assassino que era capaz de matar qualquer coisa, contanto que não fossem bichinhos fofinhos).
Mas as regras de condução de jogo são limitadas. Mesmo com uma mesa empolgada, a trama depende mais do que deveria para este estilo de jogo que o mestre interfira para a aventura não travar.

O jogo usa D4 e você acumula dados de acordo com o "Medo" que seu Mestre tem (quanto mais Medo mais poderosa a personalidade e influencia dele sobre você) , forçando você a fazer coisas repugnantes, como cavar em um cemitério ou convencer camponeses inoventes a irem ao castelo (e serem torturados), etc.

Mas as poucas possibilidades de atributos, como o asco que cada personagem tem de si mesmo ao obdecer ao Mestre, e o Cansaço que ele sente por levar sua vida desse modo não são suficientes para segurar uma boa dinâmica de história.


Possível, sempre é. Não duvido que grupos tenham realizado boas campanhas com estas premissas, mas mesmo para um mestre acostumado a bizarrices, como eu, e um grupo motivado, como tive, foi complicado fazer uma aventura que funcionasse.

O jogo estimula os jogadores a agrem com "falsa intimidade", "Desespero" ou "Sinceridade" para obterem melhores dados na hora de rolar uma ação, mas mesmo com estes recursos a narrativa tende a ser meio morna.

Para não perder  o pique tive de mexer na estrutura narrativa (o Mestre é sempre assassinado ao final da história one-shot ou campanha), mas precisei fazer isso de outras formas, não previstas nas regras iniciais.

Há pontos interessantes, como a de forçar cada personagem a ter um aldeão com que tenha uma "conexão" e o faça, gradualmente, desejar parar de servir ao mestre, mas consigo imaginar diferentes jogos, como Mundo das trevas, onde o sistema poderia ser adaptado com melhores resultados.

A arte do livro é bem desenhada, mas fraca, funcionando apenas na conta do que o jogo necessita em termos de referencial visual.

A diagramação do livro, para fins de regras, é boa, sobretudo um resumo dos mecanismos de rolagem em uma unica folha ao final (o que atrapalha são as regras em si).

Já a ficha de personagens é BEM RUIM. Bonita, esteticamente, mas confusa, com menos espaço para os atributos "Mais que humano", por exemplo, mal distribuida e só não é pior porque o jogo usa poucas informações escritas. A impressão que me ficou é que a ficha foi "esticada" em uma folha sem um bom aproveitamento de fato. Por exemplo, poderiam ser deixados espaço para a descrição do mestre, ou maior expaço para se descrever o histórico e as funções do lacaio, mas do modo como ficou qualquer anotação para pessoas com letra grande (meu caso) tende a ficar mais confusa e desorganizada.

Minha nota seria uns 2 em 5 para o jogo.
Vale a pena ser lido, mas dificilmente vale a pena ser jogado, na minha opinião.

Uma analise da dinâmica do jogo pode ser encontrada AQUI, possivelmente com diferentes opiniões, a quem se interessar (alias, o site, que descobri hoje, parece promissor).

Brega Presley

4 comentários:

  1. E já tomei "bronca" do Giltônio e do Jogador Sonhar em uma comunidade, porque eles, discordando de muim, gostaram pacas do jogo na prática.

    (bronca no bom sentido, Eles foram super-educados ao discordar).

    Enfim, como toda unanimidade é meio lesada, só para avisar que teve gente que gostou, sim, do jogo e do sistema, então, como sempre digo, não confiem em mim e vão atrás do jogo para tirarem suas próprias opiniões.

    Se muita gente gostar e só eu que não, é porque sou cri-cri mesmo. Acontece.

    Braços.

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  2. Detesto esse tipo de jogo, incluindo o Dogs in the Vaneyard, The mountain witch e lady blackbird, mas o 1001 noites e o rei morto até que são legais, o something went wrong tbm...

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  3. Claro, também são experiências diferentes. Eu acompanhei o lançamento do jogo e quando encomendei o livro já tinha uma certa ideia de como era suposto funcionar sem ainda o ter lido. Concordo que o texto não é muito acessível, eu tive mesmo de trocar alguns mails com o autor para ficar a perceber na altura.

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  4. Jogador Sonhador, então o livro merecia uma re-edição, atualizada e mais bem explicada. Nem todos tem acesso ao autor, ou tempo de fazer isso.Eu achei a ambientação massa, mas o que o livro te fornece, em termos de idéia de como conduzir uma mesa, é insuficiente.

    Estou acostumado a jogos indie, mas só com o que o livro me forneceu não achei o suficiente. Bração.

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