quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

[RESENHA] - Escola de Magia - O Roubo do Livro Mágico de Nelson Lameiras


Sinopse

Neste primeiro livro da série, Matt e Karen, dois corajosos adolescentes, ingressam, após uma grande confusão, na Escola de Magia – um fantástico colégio, escondido em Manhattan.
Rapidamente, surge a amizade com Douglas, Andry, Lion e Glacy, e juntos viverão uma grande aventura. Ao desconfiarem que um dos professores está tentando roubar novamente o Livro Mágico, eles passam a investigar e acabam caindo em uma perigosa armadilha. Agora, com a ajuda de Cronus, o diretor do colégio, irão se deparar com o início de um grande confronto…

Sobre o Autor

NELSON LAMEIRAS nasceu em 1969, na cidade do Rio de Janeiro, onde mora com a esposa, os dois filhos e a Golden retriever Kayla. Especializado em Análise de Sistemas, iniciou sua carreira de escritor ao colocar no papel as histórias que contava para entreter seus filhos. Assim nasceu este primeiro romance, repleto de aventura e diversão.

A obra do escritor brasileiro Nelson Lameiras foi publicada na coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira. Com o subtítulo de “O Roubo do Livro Mágico”, apresenta-se como o primeiro livro de uma série sem divulgação da quantidade total de volumes. Conta com 366 páginas divididas em capítulos relativamente curtos e relata a trajetória de Matt, um adolescente nava-iorquino que testemunha uma batalha travada entre magos nas ruas de Manhattan.

Feridos, os jovens desmaiam e quando acordam, se veem frente a frente com Aston Cronus, o diretor da secreta Escola de Magia dos EUA. Depois de testados através de um computador descobrem ser detentores de enorme potencial para a magia. Imediatamente o professor Cronus faz o convite de ingresso e tem-se início o primeiro conflito da história na recusa dos pais de Karen em permitir tal mudança de escola.

A sinopse, obviamente remete a um livro quase infantil apresentando a clássica luta maniqueísta do bem contra o mal onde honestidade, misericórdia, amor ao próximo e outras virtudes pueris são exaltadas ao limite. A orelha do exemplar físico também revela que as histórias tiveram início em relatos para os filhos pequenos do autor. Contudo, (aí se encontra o primeiro erro do material), não há qualquer indicação de faixa etária ou público-alvo. A ficha catalográfica, inclusive, menciona apenas “ficção brasileira”, “ficção” e “literatura brasileira”.

Já nas primeiras páginas nota-se um uso exagerado, infantil e até mesmo inadequado de onomatopeias acompanhadas de travessões. “Bum”, “raaa”, “bam”, “vruuum” e outras tantas esquisitas figuram tantas vezes que tornam o texto desnecessariamente desgastante. Entretanto, nenhuma delas consegue ser mais irritante que as risadas malignas “hahaha” que o grande vilão faz questão soltar a cada pensamento malévolo revelado. Da mesma forma, frases ilustrativas como “vou te matar”, “você não é páreo para mim”, “nãããoooo”, “toma” e “morram” dão a sensação de estar no sofá da casa da avó assistindo qualquer desenho animado de crianças poderosas.

Os diálogos também acompanham a imaturidade da obra em todos os sentidos. Não refletem a personalidade dos personagens, diversas vezes são explicativos demais, outras tantas em nada contribuem para a trama e há casos, em que todos os personagens da cena expressam espanto ou admiração em linhas seguidas de “legais”, “irados”, “incríveis”, “nossas” e “carambas” completamente desnecessários.

O excesso de descrições também é um problema recorrente e vai de encontro a ideia de uma obra para um público mais infantil. Há praticamente páginas inteiras com informações inúteis, tais como a origem dos tritons em eras remotas da Atlântida e detalhes sobre o funcionamento dos esportes praticados na escola que também pouco contribuem para a trama e menos ainda para a evolução dos personagens. Aliás, há um capítulo inteiro sobre os campeonatos que pode ser pulado sem qualquer prejuízo ao entendimento da história.

Por fim, o autor acertou em alguns pontos. Matt tem sua jornada do herói bem dosada e apesar de alguns problemas serem pautados em lições de moral, são coerentes e fazem a história andar. Os ganchos entre os capítulos também foram bem elaborados e contribuíram para que eu não abandonasse a obra e conseguisse chegar até o fim.

Não encontrei biografias sobre o autor além da que consta na página da editora, mas arriscaria dizer que é seu primeiro livro. Um bom começo e se o Nelson Lameiras melhorar seus diálogos e deixar de colocar os personagens para arrumar a roupa a cada cinco páginas, poderá se sair bem com os próximos livros.

E como não podia faltar, algumas ideias interessantes podem ser retiradas para jogos de RPG. No universo apresentado, todo o mago possui um titan que consiste em uma pirâmide na qual um dos lados se abre e executa algum tipo de poder pré-estabelecido. Após o uso, leva meses para carregar e um led indicador exibe as cores verde e vermelho para carregado e descarregado respectivamente. As magias são pautadas nos quatro elementos (fogo, terra, água e ar) e cada mago é regido por um ou mais deles. Cada poder revelado através de um livro mágico único no mundo (subtítulo), vem acompanhado de uma pirâmide que podem ser combinadas em até quatro e acionadas pelas respectivas laterais (será que funciona embaixo também?). Outro ponto interessante em uma trama de RPG, é que algumas salas onde os alunos relaxam, há miniaturas animadas que encenam fatos do cotidiano de várias eras (guerras medievais, estações de esqui) e além de poderem guardar alguma informação (recriar uma cena importante para compreensão da aventura) podem ilustrar seu cenário de forma divertida.

Benn (Elias Paixão)
Apaixonado por literatura fantástica
Autor de Praga Imortal, Adormecer do Fogo e O Rei dos Malnascidos

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