sexta-feira, 21 de agosto de 2015

OCUPAÇÃO MARGINAL: UM SOPRO DE CRIATIVIDADE EM ENCONTROS DE RPG

A ideia original do Saia da Masmorra sempre foi a de apresentar alternativas de jogos e sistemas para o pessoal.

O encontro surgiu em uma época de "Vacas Magras" de lançamentos no território nacional e ver jogos alternativos que não fugissem de Mundo das Trevas/ D&D/ Gurps e Tormenta era difícil.

Nada contra nenhum deles, mas 4 jogos, somente, no universo fodasticamente grande de opções que temos, era muito pouco e queriíamos mais.

De lá pra cá mudaram os organizadores, mas a proposta permanece a mesma: ofertar jogos iferrentes do que é comulmente encontrado, e nosso lema permanece "Se você tem Coragem de Mestrar, Nós Temos Coragem de Jogar".

Explicado tudo isso, e reforçando que o SDM ainda é muito bacana, tenho observado uma espécie de "spin off" do SDM crescer de forma bastante interessante.

Falo do OCUPAÇÃO MARGINAL.

A ideia inicial do projeto eram os "Encontros Marginais de RPG", um encontro bimestral, noturno, para adultos, com jogos considerados "difíceis" demais até para eventos de cunho alternativo, como o SDM entre outros.

O conceito de um evento assim é fruto de idéias do genial Max de Carvalho e minhas, bem como de outros amigos que foram dando contribuições diversas. O nome era uma homenagem aos "Encontros Marginais da SBRASH" - um grupo de estudos e discussões de profissionais da aárea da sexualidade humana.

Pois bem.

A coisa cresceu e se transformou em outro tipo de evento.

Maior. Mais Forte. Melhor.

Hoje em dia se chama "Ocupação", E isso só aconteceu por causa de pessoas como o Ricardo, Davi, Patricia, Arthur e outros, que bancaram a presença um espaço de jogos para manter as idéias circulando.

Hoje em dia os encontros não são bimestrais, mensais ou mesmo semanais, mas uma opupação, literalmente, que ocorre mais de uma vez por semana, em uma barberaria/ choperia ao lado da loja da Redbox, aqui no centro do Rio.

MAS POR QUE a coisa é genial?

Porque, primeiro, não existe um organizador oficial. Apesar de termos na figura do Ricardo o principal articulador, as decisões sobre mesas, horários e condutas são livres e de comum acordo entre participantes, principalmente via grupo do Facebook.

Isso permite uma agenda MUITO mais dinâmica e uma troca de opções extremamente poderosa para jogadores e mestres.

SEGUNDO porque o clima é muito bom. Os frequentadores tem um entendimento de respeito ao próximo que é interessante. Mesmo com a alta rotatividade de presentes.

TERCEIRO porque a criatividade lá é estimulada como em poucos grupos de RPG nacionais. O pingue-pongue de idéias e conribuições entre mestres, autores e jogadores é poderoso.

-Por exemplo: Se temos uma mesa de "Desafio dos Bandeirantes", o numero de textos para referência, textos e sugestões de folclore a serem explorados supera expectativas.
-Se uma mesa de temática futurista será realizada, a empolgação em sugerir emas e ganchos de história é absurda.

Um bom exemplo disso é o "Além da Cupula do Opalão" do amigo Hudson. A temática, batizada de "Cangaço Punk", mistura Mad Max com o sertão brasileiro. A coisa foi tão bem recebida que criamos cordéis e mapas para o cenário.

Jogos de ambientação mistica, cenários baseados em contos do Neil Gaiman, jogos indie, boardgames, e o escambau fazem parte do cotidiano dos encontros. E é impossível prever com muita antecedência para onde a onda de interesses se voltará em uma ou duas semanas.

QUARTO: Resgate de clássicos - sobretudo os nacionais - desde o bacaníssimo ABISMO! do veterano Marco Aramha a mesas com Desafio dos Bandeirantes, etc, tem espaço garantido por lá.

QUINTO: Capacidade dos mestres e jogadores. Os encontros tem tido cabeças muito bem pensantes, como Jorge, Davi e Jano, que engrandecem cada discussão com material e pensamento em cima, ou seja, o jogo se transforma de algo lúdico em uma forma de questionamento e produção de idéias outras (politicas, históricas, filosóficas).

E SEXTO: A boa relação com outros grupos. Acho fundamental que um encontro seja formado por pessoas que respeitem os demais. Editores, lojistas, autores, outros organizadores. Respeito por movimentos de igualdade, como a moçada do "Minas do Rio", gente envolvida em educação e desenvolvimento de jogos, etc, O espaço é pródigo. maduro e respeitoso.

Em relação a isso, conforme enfatizou o Ricardo, o grupo é extremamente coeso e aberto para diferenças. As mulheres não vão como coadjuvantes, mas antes mestram e participam, sendo tão "marginais" como o restante de nós. O mesmo vale para diferentes formas de expressão sexual, cor, raça, religião e time de futebol, vulgo, é um espaço formado por indivíduos diferentes, com orgulho e isso só faz bem.


Ocupação Marginal: Porque a Imaginação é Subversiva. 


Um adendo:
Estou divulgando isso porque acho este um caminho extremamente saudável para eventos a serem construídos. E não como "Isso que fazemos em vez do que outros fazem", mas como um ISSO E AQUILO. Acho que são coisas complementares, não excludentes. Enfim, se alguém estiver na pilha, pense em fazer algo parecido, mesmo que por experiência. Garanto que vale a pena. Para isso:

Algumas sugestões:
1) Descentralize a organização. Mais pessoas opinando e fazendo um encontro funcionar.
2) Reúna pessoas bacanas e interessadas, com gostos diferentes por jogos.
3) Encontre um local como um bar ou similar para os encontros. Este tipo de encontro funciona melhor se for frequentado por publico adulto, já que algumas das tematicas requerem maturidade e experiencia de vida.
4) Encontros semanais, não mensais.
5) Democracia de dias. Tenham um dia inicial principal, mas não se prendam a um unico dia da semana, necessariamente.
6) Dêem espaço para mestres novos. Mesas de campanhas não constumam atrair publico novo e ideias diferentes.
7) Bom humor, sempre. Tom brando e amigável em qualquer discussão.
8) Venda e contribua não para a sua mesa somente, mas busque referencias, musicas, imagens, sistemas alternativos, livros e filmes para outros mestres e jogadores. Essa troca é o mais rico da experiência.
9) Curtam ideias loucas e diferentes. Isso é uma arte da qual nem sempre as pessoas se lembram.
10) NUNCA chame o evento de "meu", mas de "nosso". Não caia na besteira de se sentir dono. Isso não funciona. Decisões que afetem a maioria precisam ser acordadas entre a maioria, Ninguém joga RPG sozinho. Lembre a você e aos demais disso.

Para quem se interessar: Pagina da Ocupação Marginal, que ainda está com o nome "Encontros Marginais", mas que é onde o pessoal se junta para trocar idéias e combinar as mesas.

Abraços

Pedro Brega Presley"

Um OUTRO Adendo: Não conheci o suficiente da experiência do pessoal da Metagamers. Mas, de memória e pensando nisso, pode ser que o modelo deles já fosse parecido com o que fazemos hoje de vários modos. Ponto para o bacanissimo Jaime Cancela e demais do grupo deles.

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