sábado, 18 de julho de 2009

Resenhando Burning Sands


Se Escaldando Na Areia: Mestrando Burning Sands

No RPG no Bob´s de Julho mestrei Burning Sands. Como uma das nossas propostas no Blog é falar de diversos sistemas, seja bem ou seja mal, sempre que possível vamos criar aqui um espaço para que o mestre e alguns dos respectivos jogadores possam falar sobre como foi jogar esse sistema, o que gostaram e o que definitivamente, foi ruim.

Outra função do blog também é a de discutir sobre o que é mestrar e apresentar diferentes visões sobre como se fazer isso.

Eu gosto de filosofia, literatura, ciência e ficção científica, mas sobretudo gosto de cultura pop. Quadrinhos, livros, filmes, mesmo que subcultura ou lixo. Portanto, não é de se estranhar que goste exatamente destes elementos em minhas aventuras.

Burning Sands é a região vizinha ao Império de Rokugan (versão fantasiosa do Japão Feudal), também baseada em um jogo de cartas, mas com um “espírito” mais de Mil e Uma Noites. Cercada por impérios parecidos com os Romanos, Egípcios e Hindu, a cidade de Medinaat é uma jóia no deserto de prosperidade e comércio.

A aventura, chamada de “Coração do Deserto” é uma introdução a este mundo, mas com algumas invenções proprias, como a adaptação de cimérios para este universo (o que funcionou bem) e com elementos de terror e puzzles que, na medida do possível, tornam uma aventura um pouco mais do que “matar pilhar & destruir. Os jogadores tinham de ir para uma cidade ao norte, enfrentar um Khadi (um tipo de mago imortal que retira o próprio coração de seu corpo e só morre se o coração for destruído).

As minhas maiores dificuldades foram em encontrar elementos suficientemente familiares para os jogadores (não conhecia todos), e como quase ninguém conhece, por exemplo “as mil e uma noites”, precisei improvisar. Escolhi dois desenhos antigos, da Hanna Barbera, “Shazzam” (um gênio acionado por dois adolescentes e um camelo alado que os ajuda) e “Cavaleiros das Arábias”, um desenho com personagens com diferentes poderes e habilidades, como disfarce, magia ou transformar-se em animais.

Não funcionou bem como eu gostaria. Fiquei mais preso aos personagens originais do que aos personagens NECESSÁRIOS para a estória ser contada. Então uma dica é a de que se algum dia forem usar personagens do gênero em qualquer aventura, que não poupem mudanças necessárias para deixar a história mais fluida.

O segundo problema foi ter colocado dois grupos diferentes de personagens. Esperava que eles se organizassem pelo objetivo em comum (achar o coração e matar o Khadi), mas isso não ocorreu, e tive de improvisar bastante. Além disso os personagens não “colaram” bem uns com os outros, só ocorrendo isso mais para o fim da aventura. Colocar personagens uns contra os outros, também não é bacana.

E o terceiro principal problema foi o número de integrantes. Todos os jogadores realmente se empenharam (e sou agradecido a eles por isso), mas sete personagens foi demais. Fiquei com medo da mesa ter participantes a menos e abri exceções demais. Com isso, a estória se enfraqueceu e muitos dos jogadores (a maioria não dominava o sistema) deixou de ter espaço para criarem melhor seus roleplays.

O sistema tem falhas. As magias são relativamente poucas e básicas demais. É mortal, o que sempre é bom, mas mesmo uma flecha pequena quase resultou em uma morte de uma personagem, o que pode tornar a aventura curta e menos divertida para parte dos jogadores.

Mas tem boas coisas. A adaptação de personagens de outros lugares, como foi o caso dos personagens do desenho “Cavaleiros de Bagdá”, em si, foi bastante simples. Além disso, a presença de lugares “alternativos” ao mundo real, como uma Roma de Fantasia, permite, para aficcionados por história, bons elementos para campanhas inteiras vividas em um destes países.

Pessoalmente, em uma mesa para iniciantes, aconselho mais tempo para explicar bem o sistema para todos (no caso de fichas prontas, explicar cada skill, vantagem, defeito ou técnica pessoais). Também aconselho não inventar muito, como eu fiz. Sendo a primeira vez que mestrava no sistema, o ideal teria sido me basear em um local e tipos de personagens já melhor estabelecidos, evitando ter de perder muito tempo com explicações e amarrando os pontos cegos de sua aventura.

Pro fim, o nível dos puzzles estava muito alto. Dar dicas melhores e mais racionais para os jogadores, simplificar as cenas quando necessário, evita aquela coisa chata de dar uma de “Deus Ex Machina” (resoluções forçadas para fazer a narrativa andar) .

Nota para o sistema: 7
Nota para minha mestragem: 5 , pois podia ter feito muita coisa melhor.

O que não significa que não tenha gostado da aventura, mas apenas que ela foi mais confusa do que precisaria ser. Fazer aventura com menos jogadores, definitivamente (meu maximo passou a ser cinco), ajuda bastante.

Abaixo seguem comentários de alguns dos jogadores.

Brega

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Bom, de modo geral a minha opinião é de que o jogo foi interessante.

Brega, não se desmereça, você cumpriu bem seu papel. Eu acho que o que atrapalhou mais a integração do grupo foi o costumeiro barulho do Bob's Tijuca, do que alguma falha na aventura.

Como fui player, não tive muito contato com o sistema. É o mesmo sistema da terceira edição do L5R, portanto tenho alguma familiaridade com ele, pois conheço bem a 1ª edição e razoavelmente a 2ª edição deste jogo, e por causa disso vou me arriscar a fazer alguns comentários. Na perspectiva de player, me pareceu que o sistema cumpre bem seu papel, como um suplemento de L5R.

Porém, como jogo de "Mil e Uma Noites", acho que o Burning Sands deixa a desejar. Mesmo considerando as alterações promovidas pelo Brega, eu acho que o Burning Sands não cria um clima que lembre aquelas lendas árabes.

A diversidade de culturas que existe no jogo, se de um lado permite maior variação de personagens, pelo outro "quebra" o clima de "Mil e Uma Noites". Uma das coisas que me lembro das "Noites Árabes", tendo lido apenas a versão de Malba Tahan, é que a ênfase das lendas é de haver apenas uma cultura. Mesmo quando se tratava de pesonagens vindas da China ou Índia, não havia diferenças marcantes de cultura entre estas e as personagens descritas como oriundas do Oriente Médio. Senti falta também do clima de contos de fadas, pois o sistema se propõe a ser mais "realista e mortal". Eu bem entendo, porém, que a Alderac não poderia se distanciar do sistema original, pois trata-se de um suplemento para L5R.

Ou seja, como RPG para as "Mil e Uma Noites" achei fraco. Mas se o grupo está interessado como um jogo genérico de fantasia no deserto, ele cumpre seu papel. Mal comparando, quando joguei, mentalmente associei ao jogo as diferenças entre Dark Sun e Al Qadim, dois cenários de D&D, onde um se propõe a ser um jogo de fantasia no deserto, enquanto o outro especificamente é voltado para personagens das "Mil e Uma Noites" e aqueles filmes antigos do Sinbad. Legend of the Burning Sands me parece o meio do caminho, tendendo um pouco para Dark Sun.

Uma coisa que me causou estranheza, mas pode ter sido fruto de não conhecer bem o livro, é que o meu Ashalan, apesar de ter a opção de ter magias de Void, não pode gastar pontos de Void para melhorar seus rolamentos, ao contrário de outros tipos de personagem. Isso tornou inútil para mim grande parte das magias a que tinha acesso, e, teoricamente, deveriam ser a minha especialidade. Fico pensando se isto não é fruto do famoso costume da Alderac em não fazer playtest suficiente de seus jogos.

Outra coisa de que não gostei foi a arte. Não sei se foi esse o caso, mas a impressão que tive é que usaram a arte do cardgame e simplesmente a aumentaram de tamanho para usar no livro. Assim, a falta de detalhes da arte, que não seria notada na minúscula ilustração de um card, fica evidente.

Igor
(Nota importante: Eventualmente, outros comentários sobre esta mesa podem ser incluídos, e certamente, faremos o mesmo com outras mesas que participemos).

Um comentário:

  1. Oi Brega! sei q sou novata no campo Rpg, portanto nao posso opinar nas partes tecnicas, mas gostei muito do jogo. Realmente no inicio foi dificil entender o real objetivo de ambos os grupos (achar o coração e matar o Khadi), mas voce soube levar bem os personagens ate o final (que nao eram poucos) rss. Aguardo a proxima aventura! =)

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