domingo, 30 de setembro de 2012

30 anos de Mazes And Monsters:

Já escrevi sobrer este filme AQUI, mas me dei conta esse final de semana que o filme completou esse ano 3 décadas.

Como a maioria da moçada um pouco mais nova nunca ouviu falar, e, querendo ou não, é um filme que é uma referência sobre a história do RPG, resolvi falar dele um pouco.

Antes de mais nada, é um filme feito para a Televisão. E tinha como objetivo alertar sobre os perigos do RPG para as famílias.

O filme tinha como base o desaparecimento de James Dallas Egbert III, cujo desaparecimento foi supostamente atribuído a uma seita satânica, no final dos anos 70 em noiticias de jornais, e relacionado ao RPG, sabe-se lá por qaul cargas dágua. Aparentemente ele teve várias tentativas de suicídio e, apesar de ser RPGista,  o jogo nada tinha a ver com isso. Ele acabou se suicidando de fato em 1980, sem qualquer relação com o jogo, mas esta versão, que não vendia bem, nunca foi devidamente retratada.

O filme, assim como o livro em que foi baseado e de mesmo nome,  não toca no assunto satanismo, mas enfoca um grupo de jogadores de Dungeons (com outro nome, o tal Masmorras e Monstros) como um fator que desestabilizaria um determinado membro do grupo, vivido por Tom Hanks (é Tom, você já fez cada porcaria...!). Hanks é um recém-chegado ao grupo, que tem dificuldades de relacionamento, mas divide o amor pelo jogo com outros.

Diferentemente do jogo de verdade, o grupo se embrenhava em cavernas próximas à universidade, se vestiam como os personagens e tinham uma noçao de realidade um tanto tosca, se você parar para pensar bem.

Enfim, há falas no filme que me lembro comentarem sobre uma proibição do jogo em universidades, mas não vejo o mesmo há uns 28 anos, desde que vi na TV no Brasil.

O filme sugere que jogar RPG seria indício de neuroses profundas (Sim,"Sedução dos Inocentes", versão RPG) e que a necessidade de escapismo seria potencialmentre perigosa. Afinal, quem desejaria viver "outra vida" se não alguém com profundos problemas de auto-estima, não é mesmo? Ou seja, o filme tem a premissa de psicologia de boteco, fontes jornalísticas péssimamente embasadas e um ator que, na época, não era exatamente levado a sério.

E esta porcaria era levada a sério!

Continuando, o tal personagem do Tom Hanks, Robbie Wheeling, sofria de esquisofrenia galopante não-diagnosticada. E tem um surto, ao final do filme onde vai até as torres gêmeas (vistas ?como torres de magia), enfrenta um ladrão (um orc,se bem me lembro, na visão dele) e não pula do prédio somente porque um colega RPGista qq o impede no último instante.

Robbie acaba surtadão, morando com os pais (o inferno em vida para a cultura americana) e sem conseguir sair da fantasia.

Moral da história:
-Se seu filho for doido, consulte um psiquiatra?
-RPGistas são um grupo de pessoas tolerantes que convivem bem com qualquer um?
-Que jogadores de RPG fazem qualquer merda, como viajar a outra cidade, para salvar um amigo?

Não, que RPG é perigoso, que é coisa de gente maluca e não deveria ser acessível aos "nossos jovens" ou eles vão ficar  o resto da vida deles vivendo na tua casa e te enchendo o saco.

Enfim, lixo.

Mas, e já escrevi isso antes, o filme teve um efeito contrário em mim: Me feza saber da existência de um jogo legal pra cacete, que permitia um tipo de interação que até então não existia, e que morria de vontade de experimentar (demorei quase 10 anos para conseguir).

Mas para muita gente que tem geléia na cabeça, o filme serviu de alerta. Os americanos, uns duzentos anos atrás,a caça às bruxas. Nos anos 1950 tiveram o surto psicótico social do medo do comunismo, substituindo as conspirações de satanistas por complôs de "agentes" disfarçados de qualquer um (o filme "invasão de corpos", na versão original, era um bom retrato deste medo).

Nos anos 80 a moda eram os cultos satânicos outra vez. Nem mesmo original foram. Os cultos seriam responsáveis por crimes e assasisnatos em massa, degradação moral, pedofilia (a imagem do "estranho"  potencialmente estuprador, hoje uma brincadeira em filmes ganhou força ai).

E o RPG, em uma época que não se podia culpar video-games nem pokemons ou autoras inglesas de livros infantis, e quadrinhos andavam em baixa, virou hit no hall das acusações.

Além do livro tivemos o realmente baixaria "Dark Dungeons", já discutido AQUI, e que é um marco ainda mais podre de até que ponto a ignorância e a imbecilidade podem ser base para se falar idiotices.

Seja como for, é importante que se saiba o que existiu. Quabndo vemos novelas de qualidade duvidosa fazendo lambança com o hobby, é fundamental entender as raízes desta implicância. quando meia dúzia de sociopatas usam o hobby como desculpa para um crime brutal, idem. Da lista, o filme foi o mais banal de todos os exemplos. Mas banal ou não, tem gente que leva a sério, que precisa culpar qualquer um que não eles por qualquer coisa, e se estas pessoas nãocestão interessadas em saber o que acontece de verdade, cabe a nós, em defesa de de um jogo que curtimos, conhecermos.

Meu conselho é que leiam sobre o caso original de James Dallas. e a seguir, se encontrarem, assistam ao filme. Afinal, passados 30 anos, acusações descabidas ainda existem, então precisamos saber de onde vem e como nos defender delas.

Abraços

2 comentários:

  1. O caso de James Dallas Egbert III é um clássico, é um daqueles casos de "...vamos botar a culpa em alguém..." Este caso é apresentado no Documentário Über Goober (que é muito bom) e no Youtube você consegue ver o especial do "60 minutes" original da época da morte de Dallas.

    Incrível é achar que tem gente que acredita nisso! Assim como Darkdungeon que é um "insulto" aos verdadeiros ocultistas e praticantes das nais variadas tradições mágicas.

    As pessoas deviam aprender a ler e estudas as coisas antes de fazer críticas loucas!

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  2. é terrível a "pratica" de por a culpa em hobby por desvio de caráter ou até mesmo loucura de alguém e isso não acontece com um hobby especifico, filmes, games, etc... são "culpados" por exemplo uma pessoa matar outra, eu sempre pensei que uma pessoa só é influenciado por algo se ele já é inclinado por aquilo ou tem a saúde mental avariada.

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