quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

É Preciso uma Edição Nova?

Toda vez que um RPG lança uma edição nova, há um grupo de fãs de edições antigas que diz: mas é PRECISO mesmo fazer uma edição nova?

Isso não é argumento, porque, salvo uma pequena ressalva, só existe uma resposta: não.

Então vou colocar a ressalva logo aqui, para tirar logo ela da discussão. É "preciso" uma edição nova quando as regras da anterior eram tão mal explicadas, que é impossível jogar o jogo. Ou fisicamente o livro desmontava, ou era ilegível, e por isso era necessário uma edição fisicamente mais robusta. Ou seja, quando há erros. OBS: Para certos valores de "preciso" e "necessário", sempre entre aspas. 

Ninguém precisa de uma edição nova, assim como ninguém precisa de um RPG novo, assim como ninguém precisa de um jogo novo, etc... As pessoas não pararam de jogar sueca, quando inventaram o Magic: the Gathering. As pessoas não pararam de jogar Banco Imobiliário, quando inventaram o Jogo da Vida. As pessoas não pararam de jogar Damas, quando inventaram o Xadrez. Ah, isso é importante, as pessoas não pararam de de jogar wargames, quando inventaram o RPG.

Repare que a questão aqui não é defender ou atacar novas edições, mas discutir um único argumento, que me irrita, e me irrita porque é ruim. A discussão sobre novas edições não pode se fazer com base em uma suposta NECESSIDADE, porque é óbvio que tal NECESSIDADE não existe. Ninguém vai morrer, se ficar sem essa ou aquela edição de Legend of the Five Rings. Ninguém está impedido de jogar sem esta ou aquela edição de Pendragon. E daí que você já pode jogar esse tipo de jogo na edição atual? Tem gente que quer jogar na nova.

As pessoas compram edições novas porque QUEREM. O motivo pelo qual elas querem não tem a menor importância. Nós pertencemos a um hobby, é óbvio que as pessoas vão comprar coisas novas relacionadas a esse hobby. É isso o que as pessoas que têm hobbies fazem! Vindo uma nova edição, sempre haverão pessoas descontentes com atual, novos jogadores, ou curiosos querendo comprá-la. Eu por exemplo, comprei a 3ª Edição de D&D mesmo sabendo que não iria jogá-la, por pura curiosidade.
  
Colocar a discussão no campo da necessidade é levá-la para um campo subjetivo, pois, apesar de alguns dizerem "preciso" e outros "não preciso", o que na verdade estão discutindo é "quero" ou "não quero". E querer é que nem bunda, cada um tem o seu. Não dá para construir um argumento sobre isso. Se você quer tacar fogo no seu carro, é direito seu, independentemente de isso ser bom ou não. 

Uma forma melhor de analisar a questão é pelo viés: a) "há quem queira?" b) "vai vender?".

"Há quem queira?" é algo auto-evidente. Uma questão de sim ou não. Se tiver gente pedindo, é porque tem gente querendo.

"Vai vender?" é um tiro no escuro. É um risco para quem cria a edição nova. Pode desagradar a todo mundo. E essa parte da equação leva a outra indagação. Vai vender o suficiente para compensar os custos e o trabalho? Aqui estão todas as questões logísticas para a publicação, distribuição, determinação do preço, etc... Não trabalho com isso, então não me atrevo a descer a estes detalhes.

Mas o fato é: se há quem queira, e quem quer está disposto a comprar, é óbvio que a nova edição vai vir. Se o seu argumento é só "não precisa", sinto muito, mas você não tem um argumento. As pessoas querem comprar, as pessoas querem vender, e sua incapacidade de enxergar a realidade não vai fazer o mundo funcionar de um jeito diferente. Precisar de RPG ninguém precisa. Não é que nem vender água.

Se você acha que as pessoas deviam parar de publicar edições novas porque você não precisa, sinto muito, você é um velho reclamão, e depois que você morrer ainda vão lançar novas edições de seu jogo preferido. Não que eles vão esperar você morrer para isso.

Há argumentos que fazem sentido para ser contra uma nova edição. Vá procurá-los. É a diferença entre concatenar um raciocínio e "bitching on the interwebz".

Igor

6 comentários:

  1. Bom artigo cara.

    As edições com revisões de regras,embora eu discorde severamente de algumas revisões em especifico, entendo q são normais e até mesmo necessarias.

    O grande problema na minha opinão são as edições "caça-niqueis", aquelas chamadas edições especiais q na realidade só tem um acabamento grafico diferenciado. Um bom exemplo é o " A song of Ice and Fire RPG" os caras lançaram uma edição maior e mais cara chamada "a game of thrones edition" na realidade ela é a mesma edição anterior com uma capa diferente e vem com uma aventura junto, o problema é q os caras não revisaram o jogo mesmo já tendo lançado uma errata.

    Esse lance de comprar por curiosidade é fogo eu comprei um monte de coisas só por que queria ter, mesmo sabendo q talvez não jogaria.

    Cara o problema do mercado hj em dia, digo pra tudo, musica, videogames ,filmes, rpg e etc é q as pessoas consomem mesmo q não gostem, elas criticam mas consomem só pela hype. Vide a charge abaixo.

    http://kibeloco.com.br/2012/11/20/sem-mais-meritissimo-5/

    Abraços.

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  2. Parabéns pelo texto. A argumentação mais racional que eu ja li sobre a guerra de edições (independente do RPG) que eu ja tive o prazer de ler. O que a maioria dos jogadores de RPG esquece é que se lançar uma nova edição do seu RPG favorito os livros antigos não vão evaporar. Livros de RPG não são como programas de computador ou suas peças, eles não ficam defasados com o tempo ao ponto de você não poder mais utilizá-los. Eles sempre poderão ser utilizados, não importa a idade que tenham ou quantas edições sejam lançadas.

    Acredito que esta reclamação contra as novas edições é fruto da sociedade atual. Os jogadores tem medo de estar "fora de moda" do seu jogo não ser mais o "popular" que todo mundo esta jogando, medo de "estar fora do grupinho". O medo de não encontrar mais material de suporte para o seu jogo e se sentir excluido da modinha. Pois estes jogadores tem de crescer. Se você quer continuar na "modinha" vai comprar o livro novo e seja feliz com ele. Se quer continuar com sua ótima edição antiga, adivinhe, você TAMBÉM vai ser feliz com ela. Então vamos nos concentrar em trazer material e idéias para o jogo e não ficar reclamando de edições.

    Desculpe se me alonguei Igor, mas eu estou de saco cheio da guerra de edições. Mais uma vez parabéns pelo texto.

    Abraço

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  3. Valeu pelos comentários e elogios, galera.

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  4. Eder,

    Na verdade a edição nova do Rpg do GoT deveria ter vindo com a versão do texto mais nova, que é a da versão e econômica. Entretanto a Green Ronin teve problemas durante a produção do material e tiveram que trocar o responsável pelo livro alguns meses antes do lançamento.
    Na maior parte o texto usado já continha as revisões, mas usando o texto da versão standard do livro em vez da econômica (ou pelo menos essa foi a argumentação da empresa). Que eu me lembre, o maior problema foi no capítulo de combate, tanto que a Green Ronin disponibilizou sua versão corrigida para ser baixada gratuitamente.

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    1. Me parece meio errado lançar um produto prometendo uma errata e no fim das contas não corrigir nada, eles deveriam ter adiado o lançamento para sanar esses problemas.

      Eu tenho a versão pocket, comprei ela justamente para fugir do elefante branco que é a "a game of Thornes edition"

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