quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Criando Novos Jogadores:

Uma conta rápida com meia duzia de amigos e minha opinião é a seguinte:
No momento atual temos, no máximo, umas 300 cabeças que frequentam encontros de RPG no Rio de Janeiro.

Não é pouco, se pensarmos que há uns 5 anos esse número não devia passar de uns 100, tendo em vista os encontros e o número de frequentadores que normalmente víamos.

Mais eventos significa mais comodidade e proximidade, mais opções de horário, diferentes perfis de jogadores alcançados e mais visibilidade do RPG a não-jogadores.

A boa notícia é essa.

A má notícia é que isso é pouco.

De modo geral a maioria dos jogadores preferem jogar em seus próprio grupos (e estes existem, já que os RPGs no Brasil vendem, ainda que não façam fortunas).

O numero de participantes em comunidades de RPG não é baixo, e  boa parte das comunidades se mantém ativa, o que significa que o pessoal ainda se interessa pelo tema e, portanto, em geral ainda joga.

Dito isso, esse é o problema que vejo:
A maioria dos jogadores de hoje em dia está na casa dos 20- 30. A maioria era adolescente na ´época do "boom" da década de 90, e dado os "anos perdidos" antes da atual renovação de mercado e interesse, temos um "vacuo" de jogadores mais novos.

Nada a se desesperar. Diferentemente de outras manias da década, como Paintbol, Carrinhos de Kart e Lanhauses, o RPG é facilmente encontrado e praticado. Nenhuma das opçoes desapareceu de fato, mas eu diria que são relativamente bem mais difíceis de serem praticadas hoje em dia.

Então, a seguinte coisa tem acontecido:

 Muitos dos jogadores está começando a casar e ter filhos. Além disso requerer mais tempo com a família, sobretudo nos primeiros anos, e com isso, darem "um tempo" no RPG, muitos vão, devagar e sempre, repassar o "vício" aos filhos.

Vejo isso com amigos e comigo mesmo. apresentamos jogos pra molecada, e eles tendem a gostar. Ou seja, alguns dos moleques, em alguns anos, serão frequentadores, jogadores e consumidores de RPG.

O problema é o seguinte: Antes da "nova geração" dar  o ar de sua graça, com peso e consequencias ainda por serem vistas, ainda vai uns 10 ou 15 anos, em muitos casos. E para manter  o mercado razoavelmente ativo até lá é preciso algum esforço dos jogadores atuais.


Por isso, se puderem, fica a seguinte sugestão: Levem sobrinhos, primos, irmãos de namoradas e afins em eventos, joguem com eles em casa, apresentem livros, mostrem opções que possam agradar a eles em termos de jogos. Qualquer jogo. Tabuleiros diferentes são primos do RPG e podem ser uma "porta de entrada" para o RPG, no mesmo sentido do que o inverso ocorre.

Mas mostrem aos mais novos que existe uma comunidade de RPG, que tem muita gente bacana nesse meio, e que RPG não é só uma "nerdice esquisita", mas uma ferramenta de diversão e socialização.

Kids & Dragons: RPG gratuito e mais do que bem-vindo.
Coisas como mostrar a um adolescente que só conhece "RPG Online", o que é um RPG de mesa. Fazer uma tarde de Zombicide com eles, mostrar  o "The One Ring" enquanto os filmes do Hobbit estão chamando atenção.

Quem puder, leve o jogo em uma escola. Adolescentes em idade escolar tem um jeito próprio e gostos particulares de temas, mas muita coisa pode interessar a eles. Ocupem espaços, prestando sempre atenção à forma como o que é dito em uma mesa pode ser ouvido por curiosos (nada de ficar descrevendo como seus personagens vão "fazer" uma maiga em uma mesa usando voz demoniaca, por exemplo, ou correndo atrás de outras pessoas com uma faca de plástico (muito menos uma de verdade, hehehe) durante um live-action, etc.

É preciso.
Kids Diaries, uma grande sacada.
O hobby não vai desaparecer se ninguém fizer isso, mas será mais fraco e menos  rico em possibilidades nesse caso. Assim como cada novo personagem muda a dinâmica de uma mesa, cada novo jogador pode mudar e ampliar o cenário do RPG em sua cidade e no país.

Nunca se sabe se este novo jogador não poderá criar um sistema novo, um blog ou trazer contribuições e mais idéias para eventos e afins.

Não esperem alguém fazer isso por vocês. Somos relativamente poucos e  o que cada um puder fazer faz montes de diferença.

Abraços.

Brega Presley

2 comentários:

  1. Bom texto. Eu lembro uma entrevista, há muitos anos, do Mark Rein*Hagen, onde perguntaram o porquê do Street FIghter RPG. E a resposta dele foi (IIRC): para as crianças jogarem. Se as crianças não jogarem, o hobby acaba em 15 anos.

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  2. Fiquei contente da imagem do Kids Diaries aparecer no texto, ótimo por sinal ! Até porque ele nasceu da nossa conversa sobre rpgs rápidos , no caso o seu $oma e no meu caso, o Botecos & Dragões ( ainda em fase de criação) . Minha outra preocupação era o que oferecer pra molecada jogar, e vi o quão escasso é o material para crianças quando fui mestrar no Jogamitá, além de pouquíssimos rpgs para mestrar, falta dicas e informações para auxiliar um mestre nessa tarefa. isso deve ser uma preocupação de todos,inclusive das editoras.

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