quarta-feira, 24 de junho de 2009

A História do RPG (parte 1)

Por Steve Darlington, tradução, Brega


Parte I: Um pequeno passo para os wargames...

Nossos antecessores

Como todas as boas histórias, nós começamos com um famoso gênio que colocou a bola rolando. Neste caso, o incrível visionário H. G. Wells; Wells não era apenas o avô da ficção científica, mas ele também foi o avô dos “war-games” (N.T. – jogos de tabuleiro com cenários e regras onde grande batalhas e miniaturas eram “reproduzidas”), o que o faz, se você preferir, o bisavô do RPG.

War-Games existem praticamente desde que as guerras existem. A idea de simulação de batalhas sem pessoas machucadas pode ser traçada até os Sumérios, mais de 4.000 anos atrás. Xadrez e Go (jogo oriental), dois dos mais antigos, são bons exemplos. Wargames contemporâneos se originaram na prússia. O jogo “Kriegspiel” (Jogo de guerra), introduziu as idéias de arrumar peças em uma “mesa de areia”, e o uso de dados para determinar os elementos aleatórios de uma partida.

Após o conflito Franco-prussiano, a Inglaterra fez sua própria versão, e começaram a usá-lo com sabedoria nas forças armadas para treinar táticas e predizer situações militares.

Mas foi Wells, no entanto, quem primeiro abriu os jogos para amadores. Em 1915 ele publicou um jogo de regras amadoras de Wargames em um livro entitulado “Little Wars” (Pequenas Guerras), atualmente visto como “a bíblia dos Wargames”. Wells também foi o primeiro a sugerir que peças em miniatura fossem colecionadas para representar as respectivas forças, dano mais sabor e sensação de envolvimento ao jogo. Apesar do livro ter se tornado popular, Wargames não decolaram realmente até que, em 1953, Charles Roberts produzisse e disponibilizasse comercialmente o primeiro “tabuleiro” de war game. Mesmo com seu inicio vagaroso, Roberts eventualmente criou a Avalon-Hill Game Company, agora uma das maiores compania de jogos do mundo.

Fagulhas de uma Fogueira


De fato, nos anos 60 e 70, os war games atingiram seu pico de popularidade que ainda está por ser recuperado. Isto significa que todos os jovens que não estavam tomando LSD e ouvindo Bob Dylan, estavam infernalmente jogando war games. Então, não demorou muito para que se tranformasse de jogo em uma indústria. Um imenso, bem-estabelecido e bem definido fã clube, com suas próprias congregações, publicações e jargão, se desenvolveu, da mesma forma que ocorria com a Ficção Científica no mesmo período. Ao final dos anos 60, havia uma forte e bem-construída sub-cultura de wargames, e um estrutura de suporte estava começando a fomentar muita criatividade e experimentação entre seus membros. Este tipo de criatividade e experimentação era do tipo que serviria de combustível para a fogueira dos “role-playing games”. Mas uma fagulha era necessária, e que fagulha ela foi: O Senhor dos Anéis.

Publicada na íntegra em 1966, ela iria para sempre modificar a literatura mundial, bem como o mundo de milhões de adolescentes homens de classe média americanos. E já que 90% dos jogadores de wargames eram rapazes de classe média, é preciso apenas um pouco de imaginação para adivinhar o que vinha a seguir. Os jogadores não queriam mais recriar a batalha de Gettysburg, mas sim a batalha de Hell´s Deep. As guerras napoleônicas foram descartadas em favor da Guerra do Anel, goblins e orcs tomaram o lugar da cavalaria. As pessoas queriam quanto de dano um Balrog poderia causar, e qual era o alcance de um “lightning speel”.

Parecia apenas uma questão de tempo antes que o primeiro cenário em um mundo Tolkeniano fosse publicado. Havia, no entanto, um pequeno empecilho para isso, que era o fato de poucos bons wargames lidarem bem o suficiente com coisas como magia e dragões, para introduzirem o tema. Este foi o destino traçado por dois homens: Ernest (Gary) Gygax e David Arneson.

Uma Parceria Lendária


Em uma pequena cidade em Wisconsin, chamada Lake Geneva, Gygax, Jeff Perren e amigos criaram um wargame que fornecia um modelo acurado de guerras medievais na maioria de seus aspectos. Ele foi chamado de Chainmail, e foi publicado por sua própria compania “frangote”, a Tactical Studies Rules. Era uma publicação que posteriormente se tornaria o primeiro wargame a incluir regras para gigantes, trolls, dragões e feitiços mágicos. Este jogo foi o predecessor de Dungepons & Dragons, e, de fato, tem muitas similaridades de regras e estilo.

As sementes do role-play haviam sido deitadas muito antes, no entanto. Na época em que Chainmail era escrita, Gygax era membro de uma sociedade de entusiastas por guerras medievais chamada “A Sociedade de Castelos e Cruzadas”.

Um sócio, Arneson, havia começado a experimentar algumas idéias de role-play. Como ele mesmo coloca: “Eu teria de dar muito crédito [pela idéia] a outro jogador local, Dave Wesley. Ele foi o primeiro a pensar em role-play… o primeiro jogo que me vem à cabeça são pequenas partidas medievais, em uma sessão morosa de wargames. Ele tinha um aborrecido conjunto de regras e, após nosso segundo jogo, nós estávamos entediados. Para dar um certo tempero, Dave, que vinha fazendo os cenários, nos deu objetivos pessoais para a batalha. Era 1968. Apesar de meio cru, foi o primeiro passo para o role-play.

Anderson continua:
Bem, aquele tipo nos deixou pensando sobre “não está muito bom", e nós fizemos um punhado de jogos com várias outras pessoas. “Vamos fazer uma grande campanha medieval com meia dúzia de pessoas jogando com poucas forças de cinquenta ou sessenta homens, e então você será o rei ou o cavaleiro, ou o que for”. E isso se desenvolveu a partir daí. Isto nos trouxe ao role-playing.

No início dos anos sessenta, a criatividade de Arnerson encontrou a fantasia de Gygax, e os dois começaram a combinar suas idéias. Em 1970 ou 1971 (Arnerson não tem certeza quanto a data), Arnerson pegou o sistema Chainmail e jogou o que foi a primeira partida de RPG de todos os tempos.

Todos os camigos haviam vindo para uma tradicional noite de batalha napoleônica, e viram a mesa coberta com uma gigantesca fortaleza ou castelo. [Eles] imaginaram que jogariam em planícies da Polônia ou qualquer lugar que estivéssemos jogando naquela época, e rapidamente descobriram que nós iríamos descer para as profundezas úmidas e escuras da catacumba.

Este jogo posteriormente se tornaria a campanha da Catacumba de Blackmoor. Gygax rapidamente seguiu com uma aventura que se tornaria a Campanha de Greyhawk. Pelos anos seguintes, os dois jogaram e testaram regras de jogos do que eventualmente se tornaria o Dungeons & Dragons, o primeiro RPG disponível comercialmente.

Tal qual os wargames, o RPG começou devagar, mas um hobby inteiramente novo surgia.

Um tributo final a Dave Arnerson:

Como todas as grandes parcerias, a de Gygax e Arnerson não era desprovida de diferenças criativas. Menos de um ano após a produção de D&D, estas diferenças chegaram a um ponto máximo e Arneson saiu da TSR, que Gygax e seu novo parceiro, Briam Blume, continuaram a tocar, mas sem pagar a Arnerson os Royalties às quais ele, ainda tinha direito como sua parte de proprietário. Em 1979, Arnerson levou a questão para os tribunais e após uma longa batalha, foi comprada pela TSR. A tragédia é que hoje Gygax é entoado e exaltado como o único pai do RPG, enquanto Arneson tem sido quase esquecido pela indústria. Esperemos que esta história de alguma forma corrija esta injustiça.

Curiosidades:
- Arneson dá a si mesmo crédito por adicionar “magia” aos wargames. Aparentemente após assistir um episódio de Jornada nas Estrelas, Dave deu ao seu Druida um phaser, e “zapou” seus oponentes no reino. Isto, naturalmente, se tornou a magia “lightning bolt spell”.

-No começo, RPG não tinha este nome. Era chamado, nada menos, de “Wargame de Fantasia Medieval jogável com papel, lápis e miniaturas”.

- A primeira edição do D&D, como tantas edições que se seguiram, tinham Hobbits. No entanto, os advogados rapidamente ameaçaram entrar com uma ação devido violação de copyrights, o que levou à criação dos “halflings”.

O original se encontra em: http://ptgptb.org/0001/history1.html

Ps: Após traduzir, descobri outros sites em português que também traduziram o texto. Mas nada custa, agora que está feita a tradução, mantê-la por aqui.

Outras partes virão em breve,
Abraços Brega Presley e Cia.

Um comentário:

  1. É meu caro Brega, as coisas que muitos não sabem né :] O mundo sombrio por trás dos RPG´s

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