sábado, 17 de abril de 2010

Mini-entrevista com Guilherme Moraes, da RetroPunk Game Design


Com a notícia de que o Trail of Cthulhu seria traduzido para português, corremos atrás da RetroPunk Game Design para obter novas informações fresquinhas. Guilherme Moraes fez a gentileza de nos dar algumas repostas, na mini-entrevista abaixo. Agradecimentos ao pessoal da RetroPunk pela entrevista. Bom, vamos à parte que interessa.


Olá Guilherme, agradeço a atenção. Podemos começar com você nos contando qual a sua relação com a RetroPunk?

Sem problema, acho importante a oportunidade que vocês estão dando a RetroPunk de falar um pouco mais sobre ela e sobre seus projetos. Eu sou o responsável em fazer a engrenagem rodar, ou seja, se acontecer alguma coisa errada, a culpa é minha (rsrs). Brincadeira. Falando sério, sou o fundador, junto com meu irmão Max Moraes, e ocupo o cargo de presidente da empresa, cabendo a mim a responsabilidade de articular todos os projetos da empresa. Além disso, sou escritor, um pouco de designer, diagramador, tradutor, blogeiro, moço do cafezinho…

Quem faz parte da RetroPunk, e qual a relação de cada um com o mercado de RPG? Como surgiu o estúdio?

Além de mim e de meu sócio, conto com o apoio de Lauri Laux Jr, que a partir dessa semana nos dará uma força corrigindo a parte visual do site da RP, além de ajudar a traduzir muita coisa. O Yon Lima que está cuidando do Savage Worlds para nós, revisando a tradução da primeira versão. Tem o Juliano Oliveira que ocupa o cargo de designer, diagramador e ilustrador. Além dessas pessoas, estamos em negociação com Tony Manicka para ocupar a função de tradutor e revisor de tradução. Há mais algumas pessoas com os quais ainda estamos em negociação para trazer algumas coisas bem bacanas, mas que por enquanto vou manter em segredo.

Quero aproveitar para agradecer a Ivo Helm e a Filipe Sobreira que estão traduzindo o Eclipse Phase Quick Start Rules para a RP (sim, estamos atrasados…).

Trail of Cthulhu não é um RPG muito famoso nem mesmo lá fora. O que os levou a se interessar pela licença? Será que pode nos contar um pouco do que houve nos bastidores?

Eu e meu sócio somos jogadores de ToC. Quer melhor motivo do que esse? Brincadeira, apesar de que há um fundo de verdade nisso. Há anos venho escutando que o Call of Cthulhu será publicado no Brasil, algo que nunca se concretizou. Além disso, traçamos um objetivo para a RP, que é ser considerada a melhor editora nacional de RPG Indie do Brasil.

Em relação à negociação com a Pelgrane, não posso dizer que foi complicado, porém, por sermos uma editora nova, sem portfólio de publicações comerciais, houve um momento que quase não conseguimos a licença, mas no final, acabou dando tudo certo.

O Trail of Cthulhu será lançado como .pdf, livro físico, ou os dois?

Então, em relação à forma de publicação do livro, a primeira opção é a versão física, uma vez que nosso acordo com a Pelgrane estipula que o livro em pdf poderá ser comercializado apenas pela onebookshelf (dona da drivethrustuff e rpgnow), porém, há a possibilidade dessa cláusula ser revista se houver uma empresa brasileira que atenda as solicitações da Pelgrane (que são bem simples pra dizer a verdade) e estamos em negociação com um grupo pra tornar isso possível.

A arte de Jérome Huguenin (blog fora do ar no momento da postagem) é uma marca forte do ToC. Nós a teremos na edição em português? Se não, quais devem ser os novos ilustradores?

Não precisa se preocupar, a arte original também foi licenciada e ela estará dentro do livro, onde é seu lugar.

Quanto a tradução, você poderia dizer quem são os tradutores? Eles já tem experiência no mercado de RPG? São jogadores?

O ToC será traduzido por um grupo de pessoas, todos jogadores, mas que nunca traduziram profissionalmente, porém, a tradução será revisada por Tony Manicka que já tem experiência na área de tradução e revisão.

O sistema do ToC é bem “indie”. Não tivemos, que eu me lembre, nada parecido por aqui. Como você acha que o público brasileiro vai receber o novo sistema?

Será aceito por um grupo seleto, provavelmente. É um sistema e cenário com muito potencial, porém seu estilo é direcionado mais a interpretação do que o estilo habitual de jogadores de D&D 4e, por exemplo.

O press release menciona a possibilidade de produção de material original. Já há algo concreto em relação a isto, ou trata-se de apenas uma opção?

Já existe algo de concreto, mas que será revelado apenas na data oficial de lançamento do ToC.

Qual a posição de vocês quanto a possibilidade de fãs escreverem cenários e postarem gratuitamente em blogs? A Chaousium sempre foi receptiva a isto. A Pelgrane e a RetroPunk apóiam?

Há algum tempo atrás, a RP divulgou um novo slogan: Ser indie é ser punk. Quando criamos esse slogan tínhamos em mente duas coisas: 1. Trazer sistemas e cenários fora do mainstream, e 2. Oferecer oportunidade para escritores nacionais. É dever de todas as editoras brasileiras de RPG apostarem no material produzido por nossos compatriotas. Há muitas propostas bem bacanas perdidas pela internet.

Em relação ao Gumshoe e o ToC, a RP vai apoiar qualquer material para GUMSHOE contanto que, seja publicado como fã e que não seja comercializado. Em relação a Pelgrane, vou conversar com Simon Rogers, mas acredito que eles também não vejam problemas em relação a isso.

Considerando que vocês estão produzindo material para o Savage Worlds (Mundos Selvagens) e que a Reality Blurs lançou Realms of Cthulhu, um RPG lovecraftiano usando o Savage Worlds, há interesse de vocês em lançar material com estatísticas híbridas?

Ainda há uma negociação pendente com a Pinnacle sobre o livro de regras do SW e sobre a licença official para a RP, o que nos “obriga” a caminhar lentamente em relação a qualquer material para o sistema. Em relação ao material híbrico, há necessidade de uma conversa com a Reality Blurs, mas é algo que pode acontecer no futuro, após um bom estudo de caso.

O jogador fã de Lovecraft há anos se decepciona com a demora na tradução do Call of Cthulhu. Você acha que o Trail of Cthulhu deve atrair estes jogadores desalentados?

Dizer que tanto o CoC e o ToC são parecidos é uma mentira, mas há material bem bacana no ToC que pode ser facilmente convertido para CoC e vice versa. Nós esperamos que esses jogadores deem uma oportunidade para o ToC.

O press release da Pelgrane Press fala que a RetroPunk irá produzir “GUMSHOE system games in Portuguese”. Podemos contar então com a tradução de material como Esoterrorists, Fear Itself e Mutant City Blues?

A meta da RP para o GUMSHOE é produzir, primeiramente, três livros para ToC: o livro de regras, o Keepers Resource e o Stunning Eldritch Tales (livro com algumas aventuras). Os demais livros serão publicados com o tempo, mas estamos abertos a parcerias para agilizar o processo.

Igor

3 comentários:

  1. Adorei a entrevista! Me deixa com muitas esperanças!

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  2. Ótima entrevista. Aguardo ansioso pelo livro.

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  3. Manera a entrevista!!

    espero que essa iniciativa dê certo. Seria legal ter o sistema gumshoe traduzido.

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