segunda-feira, 28 de junho de 2010


NPCS menores virando Personagens:

Uma das coisas que sempre me interessou em quadrinhos é QUEM, afinal, arrumava os prédios destruídos por supersocos, repunha o encanamento usado como porrete por monstros verdes bombados, e fazia reparo nos veículos usados de patins por gigantes devoradores de mundos. Ao que me consta, houve até uma série em quadrinhos da Marvel sobre o tema (mas não sei se é verdade ou boato).
Pensando nessas coisas, fico com a impressão de que fazer aventuras com os “faxineiros” do RPG possa render aventuras, nem que sejam one-shot, interessantes.
Aqui vão algumas sugestões:
a) Em guerra nas estrelas e afins, “trooppers” da estrela da morte, tentando localizar rebeldes espalhados pela nave dariam um bom mote. Afinal, sejamos francos, alguém sob as ordens de Darth Vader não gostaria de levar a má notícia de que os mesmos teriam conseguido fugir, tipo, desativando um raio trator.
b)No mesmo estilo de universo, um grupo que precisasse cuidar de um bar “multi-espécies” alien, poderia ter de se envolver com problemas como a quantidade exata de toxinas que um Orça Estelar pode consumir antes de entrar em módulo psicopata, como resolver o problema de um cliente “cocoon” que entrou em hibernação em uma casca indestrutível por 20 anos, imediatamente antes de pagar a conta, descobrir o que leva um ser humano a comer secreções mamárias apodrecidas (queijo) e abortos de aves (ovos), e vestir um macacão de proteção ambiental para limpar o banheiro de Aliens.
Entre uma batida da polícia, três tiroteios entre piratas siderais, e um tentáculo “saliente” (de origem ainda desconhecida) em uma garçonete Amazona, armada com um arco laser, são algumas das coisas que se pode pensar em uma aventura assim.
c) Na cidadesinha medieval de Scummalot, um grupo de cidadões é convocado anualmente em uma eleição para a limpeza dos esgotos da cidade. Os que se recusam podem receber punições como chibatadas, enforcamento, sodomização, sodomização E enforcamento, etc. E os que aceitam precisam se enfiar nos túneis de esgotos da cidade em expansão e enfrentar ratos gigantes, zumbis, mapas desatualizados, e um mal-cheiro pouco convidativo e insalubre.
d) Japão Feudal: Os “eta”, cidadões que tinham como profissão atividades consideradas “impuras” como cuidar de corpos mortos. Eles eram tão desconsiderados que os vilarejos onde moravam não existiam em mapas oficiais. Quase invisíveis para as autoridades, no entanto, eles poderiam ver coisas que outras pessoas não saberiam.
Uma aventura possível com um grupo assim é a de uma série de assassinatos ocorrendo na região. Como estão acostumados a verem corpos podem notar coisas como cortes específicos, retirada de órgãos ou sinais de envenenamento. Por serem Etas, não serão ouvidos. Os crimes podem ser de ETas (que precisam cuidar de suas famílias por conta própria) ou de autoridades, e por uma devoção absoluta, salvar o pescoço de uma autoridade qualquer (dificuilmente os jogadores vão “comprar” a segunda). Descobrir o autor dos crimes e se vingar dele pode ser uma boa aventura.
e) Investigadores de assassinatos em “Vampiro”. Como é ser policial em uma sociedade em um mundo das trevas? Como é a tarefa de limpar corpos carbonizados e descobrir assassinos?
f) Cyberpunk e afins: Se você morasse em uma “zona de guerra” (locais de altíssima violência ou guerrilha urbana, onde a polícia não chega, não há hospitais, escolas ou afins), o que fazer com o lixo? Todo o resto pode ser resolvido com soluções caseiras, como enfermeiros cuidando de assuntos médicos, plantações clandestinas em topo de prédios, policiamento por moradores ou bandidos, etc. Mas e o lixo? Mais cedo ou mais tarde, o número de locais onde se jogar lixo irá terminar nos bairros confinados por altos muros. E inevitavelmente, o cheiro e o risco de doenças ira se tornar tão insuportável, que caminhões do lixo, levando a sujeira para fora dali serão um presente dos céus.
Ser um lixeiro, em uma zona de guerra, pode ser a profissão mais importante e necessária existente, e a única respeitada por todos os lados. Quase sempre. Caminhões de lixo blindados, lixeiros bem-armados, presentes e respeito, da população podem levar um grupo destes a serem “solicitados” que encontrem uma filçha de um presidente de uma megacorporação em uma Zona de Guerra, afinal, eles podem ir aonde mesmo a polícia não pode.
g) Manutenção predial em San-City: Um grupo de limpeza de lutas de super-heróis descobre um artefato de um vilão derrotado. Este artefato, por razões desconhecidas, vira objeto de procura incansável de diferentes grupos (vilões e heróis) da cidade, e se torna um objeto que pode ser vendido a um preço bastante alto pelo grupo. O que sempre traz seus riscos...

Enfim, há algumas opções interessantes para personagens assim. Responsáveis pela manutenção da sociedade enquanto os jogadores comuns explodem prédios, planejam contrabando estelar, deixam carcaças de ogros descerem por um rio, ou se preocupam com política e finanças, mas não sabem o que ocorre a sua volta.
Faxineiros (e pedreiros, e atendentes de bar, e coveiros e afins), uma opção para sair da rotina.

(Brega)

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