terça-feira, 13 de março de 2012

Coisas Chatas no RPG: Advogados de Ambientações

Quase todo mestre de RPG tem verdadeiro horror aos chamados "Advogados de Regras".
Não sou exceção, mas o que realmente me dá irritação são os "Advogados de Ambientação" (termo que ouvi da primeira vez sendo usado por Paulo Jr.)*.

Seguinte: Sabe aquele cara que quando você mestra Mundo das Trevas em uma mesa, e cita aquela referência inútil sobre um livro que, geralmente, só ele leu, e que diz que você "Não pode" ter um vampiro de determinado clã porque "o principe é do clã tal"?

Um amigo, que mestrou The One Ring" recentemente no Saia da Masmorra quase não mestra este bom RPG por preocupação de que aparecesse algum purista (leia-se "chato de galocha") na mesa e discorda-se de algum detalhe.

Quando mestro Star Wars raramente respeito toda informação da série (tudo bem George Lucas também não respeita), e adoro "balançar" diferentes ambientações, como "L5R", dando a minhas mesas uma conotação diferente e sombria em algumas situações (por exemplo transformando o regime de um imperador possuido em uma espécie de regime nazista e de culto à personalidade).

E não é que vira e mexe aparece algum pentelho p para dizer que eu "não posso"?

CADA mesa, de CADA mestre, de CADA jogo TEM, necessariamente, algum tipo de distorção da ambientação.

A famosa "regra de Ouro" que quase todos os livros tem, não se refere apenas às regras, no geral, mas a propria ambientação, que NÃO precisa ser canônica.
Aliás, é divertido que não seja. Faz os jogadores serem mais cuidadosos, faz das aventuras menos imprevisíveis, e transforma o jogo em algo mais denso em muitas vezes.

Assim um pedido encarecido aos adoradopres de um sistema: Aos jogagores, que deixem o mestre fazer a narrativa dele em paz sem encheções. Ganham todos, e ampliam-se os sentidos possíveis de um sistema. Uma ambientação, em geral, é, pelos livros oficiais, até bem detalhada, mas o gostoso no RPG é essa coisa meio subversiva de se recontar uma história de acordo com o gosto de cada um.

Da parte dos mestres, quando possível, deixem os jogadores um pouco mais soltos, estimule-os a fazer personagens que quebrem o padrão. Anões covardes, Elfos nada graciosos, Paladinos que façam mais mal do que bem ao tentar fazer apenas o ordeiro, vampiros machos, lobisomens que estejam se ferrando para golfinhos, e por aí vai.

RPG é um jogo, não uma religião, e faz bem deixarmos a criatividade em paz.

Brega

ps:
*- Inicialmente afirmei que não lembrava de já ter ouvido o termo "Advogado de Ambientação" - e se tivesse (a unica coisa que lembro sempre é que minha memória é ruim), que, por favor,  me avisassem.
Justiça corrigida, foi do Paulo Jr. foi que eu ouvi o termo pela primeira vez, e a quem agradeço por me lembrar e me desculpo pelo esquecimento.

Disse Paulo Jr : "Brega, eu usei este termo num papo nosso num SDM bem antigo [...]. Não liga não, eu mando o boleto do pagamento dos direitos autorais com o abatimento de 20% pra vc.
Com amigo a gente faz um desconto".

Enfim, crédito devidamente dado a quem me ensinou o termo.
Já o pagamento, vai esperando, hehehe.

Afinal, como diria o poeta:
"Devo. não pago, negarei quando puder."

Braços

3 comentários:

  1. Nunca tive q encarar advogados d ambientação. + já os advogados d regras... é mto foda. E pior do q um jogador advogado d regras é um jogador advogado d regras q é advogado na vida real. Qdo eu comecei a mestrar um sistema q eu tô criando, teve um jogador no meu grupo q eu tive medo dele me dar uma carteirada da OAB. O cara começou um discurso jurídico pq meu sistema tava td errado e q eu tinha q adotar o gurps. Pq o gurps é lindo, gurps é perfeito, gurps cura espinhela quebrada e traz a pessoa amada em 7 dias. Haja paciência.

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  2. Advogado de regras tbm são um pé no saco. Mas o pior é qundo o cara é advogado de Regras e de Ambientação.

    Mas o carinha mais "advogado de qq coisa" que já vi em uma mesa (felizmente não era eu mestrando) foi um "Advogado do Correto Portar-se em RPG".

    O cara simplesmente saiu no meio, de forma até deselegante (como diria a moça do Jornal Hoje) de uma mesa divertidíssima para TODO MUNDO (menos para ele) porque estávamos "fazendo meta-jogo" (e ele "Não admitia" isso da gente).

    E isso depois de reclamar o tempo todo em uma mesa que, nitidamente, era para besteirol.

    Fosse um "Call Of Cthulhu" até concordaria que era preciso extrema seriedade. Eu brinco até demais algumas vezes e acho que isso pode ser ruim em alguns jogos.

    Mas um jogo envolvendo "poker de super-heróis", onde o Homem-Aranha usava o sentido de perigo para roubar (sabendo quando deveria apostar ou não), definitivamente não era o caso.

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  3. Sem querer ofender os advogados de verdade.
    Só aqui entre os autores são TRÊS deles.

    E todos, felizmente, bastante centrados.
    :O)

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