sábado, 26 de janeiro de 2013

Bang Bang em RPG: Wild West Cinema

Sou um fã confesso de filmes de faroeste, principalmente os "espaguetis", filmes italianos de bang bang recheado de anti-heroísmo, em produções mais baratas e "sujas", que as versões típicas de cowboys americanos.

Parte do meu gosto por estes filmes vem de meu avô, que sentava comigo para assistir "Bang Bang à Italiana" (e filmes de kung fu de baixo orçamento), um programa da TV record nos aureos tempos, especializada neste tipo de coisa.

Meu avô, José Menino Tolosa, me chamava para assitir "aqueles filmes que a bala faz "pzing - pzang" imitando o som típico do ricochete nessas produções. e eu adorava cada segundo.

Na tela vi filmes de atores obscuros a produções com sujeitos como Franco Nero, Jack Palance, Terence Hill, Bud Spencer (que, descobri há poucos anos, ganhou uma medalha de ouro em uma olimpíada), Klaus Kinski, Lee Van Cleef, Giuliano Gemma e, claro, Clint Eastwood.

E, não por acaso, um de meus RPGs preferidos é Dust Devils, RPG que já estão cansados de me ver escrever a respeito por aqui.

Além dele, existem algumas opções interessantes, como "Coyote Trail", "Boot Hill" e o nacional  "1887 - Sob o Sol doNovo México" (de Marcelo Paschoalin, no sistema Ópera), e pelo menos um Gurps que aborda a temática. Existem outros, como Deadlands, um Lobisomem passado no velho oeste e Fasroeste Arcano, mas prefiro me fixar nos sem magias e realidades alternativas, no texto.

Mas no momento vou falar mais de Wild West Cinema, produzido pela Spectrum Games (uma editora pequena).
Com o subtítulo de "Role-playing in a West That Never Was" (um RPG em um velho oeste que nunca existiu) o jogo convida, já de início, ao velho-oeste fictício, re-interpretado a partir das lentes de diretores, e menos preocupado com a precisão histórica.

A capa também é direcionada neste sentido, trazendo "The Men With no Name", o eterno personagem de Clint Eastwood na "trilogia dos dólares". A arte interna , em preto-e-branco, não é de encher os olhos, mas não compromete o jogo e serve ao seu propósito.

Como só encontrei o jogo em PDF (paguei algo em torno de 10 dólares na época) não sei dizer se a encardenação do livro vale a pena.

Diagramação: A diagramação do livro, em duas colunas na maior parte do tempo, funciona bem e deixa o material tranquilo de ser lido.

O livro é dividido em 12 caítulos, que trazem as regras básicas do jogo, construção de personagem, motivação, moral e personalidade (parece ser fortemente influenciado pelo DuDe nisso), uma aventura pronta (que não joguei, mas é bem detalhada) e uma lista modésta de armas e equipamentos. Ou seja, material suficiente para se começar a jogar, mas, para quem gosta de maiores detalhes da ambientação, requer outros materiais de apoio (nada contra, raramente um RPG não precisa disso).

A criação de personagens é rápida. Há no livro 8 arquétipos, de bandidos a pistoleiros intinerantes, cada um com habilidades especificas de sua profissão  e mais 4 habilidades especiais diferentes para cada um (por exemplo, o pistoleiro tem habilidades que favorecem duelos, o bandido sabe abrir cofre, etc).

O sistema de combate é simples: O jogador tem de 3 a 10 pontos em habilidades especificas e rola dois dados: Um "positivo}" e um "Negativo" que, juntos, darão o resultado total e, igualando ou passando a dificuldade, terão ou não resultado.

O resultado e sua margem de sucesso também pode determinar se o personagem recebeu um dano, ou a qualidade do sucesso obtido. Há regras para sucessos absolutos e fracassos absolutos, e alguns pontos de "história", que podem ser somados a resultados durante a mesa, o que pode salvar  o pescoço de alguém em um momento crucial.

De acordo com a regra, o mestre não precisa jogar os dados. Os números de habilidades dos adversários já são o "Target Number", mas pessoalmente  ignoro essa regra, pois acho legal rolar também quando mestro (não atrapalha em nada as regras).

O personagem tem, ainda, TRÊS pontos de vida, sendo que  o terceiro já apresenta 50% de chance de morrer. mas como em geral cada arma dará um dano por tiro, isso é raro de ocorrer.

Suplementos: Nãzo existe nenhum até o momento. Mas dificilmente seriam úteis, ao meu ver.

E os problemas do jogo são:
1) Pessoalmente achei as tabelas de dano mal-elaboradas. O dano de um soco, uma pedrada e uma facada são exatamente os mesmos, o que é ruim, já que jogadores gostam de ter opções.

2) Existem ao todo 32 ilidades secundárias, contra 31 habilidades especiais, o que é pouco. Fora que as secundárias são meio repetitivas, com por exemplo "Constitucion" (que regula a absorção de venenos) e "drinking (Alcool) sobrepostas (afinal, alcool não deixa de ser um veneno). Fora isso, Stamina e Grit existem, também, em sobreposição, o que torna as habilidades menos funcionais do que deveriam.

3) Mas  o pior problema são as classes de personagens. Primeiro, há poucas opções:  "Almofadinha", Bandido, "Padre/ pregador", Crianças, Jogador, Pistoleiro, Índio desgarrado e Vaqueiro Errante"  (sozinho, sem dificuldade, pensei sem dificuldade em mais umas 10 classes (dançarina, vendedor de óleo de cobra, xerife, caçadior de búfalo, mexicano, xamã, ex-escravo, etc). Ou seja, dependendo de suas opções, há pouca diversidade e vai precisar adaptar ou criar algumas classes exstras.

Pessoalmente, ainda,  acho que faltaram regras para escolha de outras habilidades especiais, tornando cada personagem mais único. a mecanica do jogo parece ter se preocupado em fixar 8 habilidades para cada atributo e isso empobreceu algumas opções narrativas.

Mas as mesmas classes de personagens também cometem um grave erro: Deixam de fora "Constiutucion" e uma outra chamada "fear", que por sinal se sobrepõe a "willpower" desnecessariamente. Resultado: das 32 habilidades existentes, pelo menos duas são tão inúteis que nem mesmo os personagens dos criadores do jogo as utilizam.

A impressão geral no entanto, é que o jogo FUNCIONA, mas precisaria de uma segunda edição com esses problemas corrigidos.

Nota 7. Uma opção para quem quer regras mais fechadas do que "Dust Devils", mas em uma ambientação "à italiana" do que as outras opções. Mas é um jogo que, com alguns ajustes,pode realmente fazer uma mesa feliz por algumas horas.


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