sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Homofobia entre Gamers: Sério Isso?

Eu não devia ficar surpreso, mas fico.
Sinal de que estou ficando mais velho, mas não necessariamente, mais esperto.

Mas vamos lá:

Foi um colega de outro evento mensal "curtir " um vídeo no youtube sobre "Gaymers" para chover uma penca de gente fazendo comentários dos mais estúpidos e retrógrados possíveis.

(Em uma comunidade que não era do SDM, mas com a qual nos solidarizamos. Quem não viu, mal aí, mas não vou ficar dando link, já basta ter de escrever sobre esse tipo de patetice).

Pessoal, é básico: Um grupo que sofre preconceito, inclusive com argumentos "religiosos" de parte da sociedade DEVERIA ser mais solidário com outras pessoas que sofrem preconceito.

Os mesmos que reclamam da dificuldade de jogar em uma familia de pessoas de determinada religião, ou que odeiam ser confundidos com virgens de filmes dos anos 80, ou que se emputecem com a forma como novelas e programas tratam a comunidade dos RPGistas, ficarem reclamando quando uma página ou postura contra  o preconceito é elogiada precisam, com urgência, rever esse paradoxo aí.

É babaquice que, em pleno século XXI tenhamos gente tão preocupada com o que Fulano e Beltrano fazem entre dois lençóis. Não gostou do termo? Pois é, mermão, mas é exatamente isso.

O teu preconceito não é um direito. É a negação do direito que terceiros tem de serem que eles são. Direitos que nós, heteros, já temos, por sinal.

Conheço vários RPGistas, criadores de jogos, blogueiros e mestres que são gays ou LGBT, e aprendi uma penca de coisas com eles. Me orgulho por ter muitos deles como amigos e amigas e sei que não seria um jogador ou mestre tão bom se não fosse a cconvivência com os mesmos. A eles só agradeço.

O SDM, por sinal,  só existe porque, entre seus fundadores, tinha um mestre, por acaso homossexual, que ajudou a caçar o primeiro local de encontro da gente, ajudou a definir diretrizes e organização do encontro. Ou seja, se você lê esse blog ou vai nos encontros do Saia da Masmorra, só o faz porque um gay gastou tempo e tutano ajudando a gente.

Assim como aconteceu com a gente, qualquer bom evento de jogos que se preze teve apoio e ajuda da galera LGBT entre apoiadores e frequentadores. 

Eles somos nós.

Os mesmos gostos por jogos diferentes, as mesmas neuras com regras, os mesmos desafios de colocar a criatividade em um personagem ou cenário, as mesmas chatices até, vá lá, que temos eles tem. Não somos "nós" e eles". Somos todos juntos a mesma coisa.

Se eu tenho preferências pelo sexo oposto ou se o outro cara na mesa prefere um surfista saradão, pfff. Isso não muda o fato de que ele é um colega, um amigo muitas vezes e alguém que divide comigo algumas horas bacanas jogando algo divertido. Temos mais a ver com um cara assim, por acaso gay, do que com um bombado sem noção que enche a cara e sai espancando gente com um pedaço de madeira.

Pensem nisso.

Quem são os amigos e colegas LGBT? Pouco importa, na verdade. Nunca dei a mínima para quem é o quê, e não vejo porque isso seja da conta de mais ninguém, também.

Mas vamos deixar de ser tapados e vamos entender que nós não temos absolutamente NADA a ver com a vida sexual alheia, faz favor.

Assim como eu gosto de andar de mãos dadas com minha mulher na rua, ou de sentar e jogar com ela em uma mesa com amigos, é um direito básico que os LGBT também dispõe.

Enfim, não apito mais nada no Saia da Masmorra, uma vez que optei ser apenas autor do blog, mas isso, historicamente, posso dizer:

Qualquer tipo de preconceito não é bem-quisto por lá.
Nunca foi e nunca será.

E com preconceito não quero dizer "não curto a vida que eles levam". Isso é um direito. Não curto D&D, mas nem por isso vou odiar quem joga. Porque odiar é um tipo diferente de vibe. É não suportar alguém, a ponto de qualquer apoio ou palavra positiva sobre o mesmo ou mesma não poder ser expressada. e ISSO, camaradinhas, já é ridículo.

E, creio, falo por outros eventos no Rio e fora dele quando digo isso, é um tremendo contra-senso que em um jogo que permite a socialização e exalta a importância de pessoas com capacidades diferentes se encontrando, que existam pessoas que "surtem" porque o coleguinha curtiu um vídeo assim ou assado.

Em resumo:

Vamos respeitar os "gaymers". 

Se você não respeita diferenças, na boa, sugiro repensar seu hobby, porque o RPG nasceu como um sistema de classes, com personagens com experiências diferentes aprendendo a conviver entre si.

Vamos deixar que nossos PERSONAGENS sejam medievais, no máximo, mas bora sermos um pouquinho mais legais do que isso?

Grato.

Brega Presley


4 comentários:

  1. Isso aí Brega, concordo plenamente.

    E olha só! Esse pensamento retrógrado não é ser Old School não, hein galera?

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  2. Numa época em que muitos dizem que o RPG está morrendo, é muitíssima burrice segregar o pouco que resta dos amantes do nosso hoby. E gente, a verdade é que todo ser humano sofre algum tipo de discriminação. Eu, por exemplo, sou homem, hétero e branco, mas sou gordo e ateu. E ser rotulado de preguiçoso, incapaz e feio por ter uns quilos a mais ou de imoral e sem escrúpulos por não acreditar em nenhum deus (com letra minúscula pq pra mim ele não existe, com todo respeito) é uma bosta. Podem acreditar.

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  3. Bom dia, meu primeiro comentário, sou do interior de Sampa jogo a muito tempo, na nossa turma q joga rpg, bord games, card game, tem um casal de Homo, meu muito gente boa, em aventuras já me ajudaram bastante, esse negocio de preconceito é fogo, muitas das vezes acho q eu cara é frustrado pq queria ser como eles de assumir e não consegue, ai desconta com preconceitos.

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