segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

RPGs de Faroeste:

Há uma série de opções de RPGs que tratam do gênero do Velho Oeste no mercado.
Cada ambientação e regras podem agradar um público distinto, então segue uma pequena lista de sugestões aos interessados.
Dividi este tipo de ambientação em três subgêneros, a saber "Velho Oeste Místico"; "Históricos" e "À Italiana".

Velho Oeste Místico:
São ambientações no melhor estilo do livro de Stephen King "A Torre Negra". Nesta ambientação os personagens enfrentam não apenas pistoleiros e ameaças mundanas como fazendeiros malvados, mas verdadeiras ameaças sobrenaturais capazes de levar horror e morte aos menos preparados. Neste tipo de ambientação monstros habitam os desertos e tanto a religião cristão quanto o paganismo  (sobretudo indigena)são uma arma mais eficaz que a polvora.
Eu não gosto muito deste tipo de solução simplesmente porque acho que muito do divertido dos faroestes se perdem em histórias que acabam ficando com cores demais. Assim como acho a introdução de elfos e dragões em "Shadowrun" desnecessário (o gênero Cyberpunk, em si, já tem elementos suficientes para boas histórias e grande parte do material de Shadowrun não precisava daquilo para ser bom, mas é uma opinião, e cada um gosta do que quiser).
Não creio que seja a opinião da maioria, já que exatamente os RPGs de faroeste e magia são os traduzidos há mais tempo.

Dentro deste tipo de ambientação, destacam-se:

Deadlands: Velho conhecido de muitos RPGistas, é, em minha opinião, uma das maiores promessas do mercado para este ano. A ambientação mistura histórias de terror, Steampunk e pistoleiros mortos-vivos em um clima de ação bastante interessante. No gênero magia e polvora é o unico que tenho maior curiosidade de jogar, mas, de novo, cada um é cada um.
Porque é Fundamental: Porque é um sistema que vai crescer em numero de fãs com a tradução prevista para este ano. E foi o primeiro RPG de faroeste e magia criado.






Faroeste Arcano: Da lista inteira, possivelmente o RPG mais fraco. Não que seja ruim, mas não fornece tantos recursos para mestres como outras opções, e nem inova no gênero de fato. Mas é bem falado e deve agradar fãs do D20 (eu nunca joguei, de qualquer modo).
Porque é Fundamental: Porque traz regras para personagens típicos de fantasia medieval, transpostos para o sistema, e muita gente gosta disso, facilitando a vida dos mestres dispostos a encarar.







Lobisomem: O Oeste Selvagem: Pessoalmente, acho uma excelente opção para quem curte o sistema do antigo mundo das trevas, e pode, com alguns ajustes, ser adaptado até para um gênero mais "realista" de ambientação.  Tem boas idéias de adaptação, mas pessoalmente nada que não possa ser feito já com Deadlands, mas é uma opção, de qualquer modo.
Porque é Fundamental: Porque lobisomens cawboys são divertidos pra cacilda, oras! Desde que o narrador conduza boas aventuras. E porque fala um pouco da perspectiva histórica dos jogos clássicos da White Wof.



Maior Precisão Histórica:
Estes RPGs tem uma pesquisa de fatos historicos e sobre os costumes do período fantásticos. Mais adequados, em minha opinião, para aventuras mais pautadas nos faroestes americanos de até  o inicio da decada de 60, quando a moral era mais delimitada (ainda que de forma questionável). Isso poque o periodo histórico tinham homens que realmente acreditavam que tinham a razão ao seu lado para algumas reconhecidas barbaridades para o padrão atual. Questionamento histórico pode existir aqui, claro, mas não eram questionamentos de fato de ebntão, e se for para ser preciso historicamente, verá que é mais fácil fazer os personagens abdicarem de um senso critico como o que temos atualmente paa  o bem destas aventuras.

1887: Sob o Sol do Novo México: Eu uso bastante este suplemento do sistema OPERA. Além de diversas listas de equipamento, boas sugestões de personagens e armas, é  em português e, como quase tudo que foi feito para o sistema, bem acabado em termos de referências. Só elogios. Quem achar em um sebo ou livraria, pense a respeito de adquirir.
Porque é Fundamental: Porque é em português e uma excelente fonte de idéias. O autor, Marcelo Frossard Paschoalin, fez um trabalho virtuoso com este jogo e é uma excelente amostra de como temos bons autores nacionais.




Boot Hill: Bastante conhecido no passado, e com adaptações e revisões eventuais, traz bom material sobre  o periodo histórico e boas opções de sistema para jogo. Mas, sinceramente, acho que não é um sistema que funcione bem para a ambientação como poderia. Para fãs do sistema.
Porque é Fundamental: Porque é um clássico, e clássicos merecem ser lidos em suas diferentes versões para a gente saber como era e comsão os livros de RPG.



Coyote Trail: Belo material, bem fundamentado na parte histórica, apesar de um sistema que não me convenceu (vou jogar um dia para testar). Dispõe de alguns suplementos com diferentes graus de qualidade. Ainda assim, só o livro básico já resolve boa parte dos problemas de um mestre e ajuda tanto como sistema em si, como fonte de inspiração e idéias.
Porque é Fundamental: Não é. Mas deveria ser. Bom livro, bem escrito, bem pesquisado e que acrescenta um pouco de amplitude de como se jogar RPG a quem se aventura em conhecer.




Gurps Wild West: Também, como o material da OPERA, o GURPS traz boas fontes de inspiração e precisão histórica em seus suplementos. Realista em suas regras, traz o problema de jogadores muitas vezes torcerem o nariz para ele, mas vale a pena ser lido e conhecido e, se for o caso, jogado ou adaptado.

Porque é Fundamental: Traz uma série de informações sobre  o período e acrescenta, aos jogadores de Gurps, novas habilidades e potenciais novas formas de se construir um personagem "cowboy" em qualquer outra ambientação (um personagem baseado na série "Justified", por exemplo, pode beber da fonte com enorme facilidade).

Aces & Eigths: RPG bem "gostado" pelo pessoal, mas um que infelizmente, domino muito pouco. Já dei uma folheada, mas estou precisando sentar e ler de verdade, o que demora porque tenho uma penca na frente. Mas é bem falado, e me pareceu bem completo e com boas regras e ambientação histórica.
Porque é Fundamental: Porque o que vejo de comentários em geral é de um profundo respeito pelo livro, então é uma opção a ser conhecida, sim, e eventualmente jogada por gosta deste tipo de ambientação. 


Espaguete:
Sou um fã de faroeste, mas não os bang-bangs convencionais, onde um herói armado de uma pistola e sua honra ajuda a produzir uma civilização. Sou fã do genero "Espaguete", onde cada herói tem mais defeitos que qualidades, onde a precisão histórica foi chutada para baixo de uma carroça e todo mundo, até as mocinhas, muito se beneficiariam de um banho e uma retirada nos pelos da cara.
Dentro deste gênero há um peso-pesado, da qual sou fã, e outros que tem potencial para mim. É um genero bem mais contestador no geral, com tons de cinza permeando decisões morais e onde uma boa ação pode ser muito mais danosa que uma cruel. O problema do gênero "espaguete" é a facilidade com que cai no humor como força, e isso, em alguns momentos que exigirem uma narrativa mais densa, pode ser uma dificuldade (na verdade, o gênero "Anti-Western" ou "Faroeste Revisionista", se iniciou na década de 50, com algumas produções hollywoodianas, mas tipicamente os bang-bang espaguetes são mais inclinados para esta forma crítica que as produções americanas).

Far West RPG: Opção criada por espanhóis que tenho mas preciso dar uma lida. Tem alguns suplementos e foi feito no começo dos anos 90. Ele tem alguns suplementos, mas é questão de conseguir garimpar por aí.
Porque é Fundamental: Porque muitos jogadores não lêem em inglês mas arranham o espanhol, então torna-se uma opção a mais.
Fora isso, estou curioso para ler porque é sempre bom conhecer coisas feitas por autores europeus (até hoje estou querendo ler o "Capitan Alariste" que a Devir insiste na burrada de não traduzir e publicar aqui). Junto com "Aces & Eigths" é um RPG que conheço muito superficialmente mas que pretendo ler assim que possível.

Dust Devils: Dificil ter muita gente mais fã de DuDe do que eu no Brasil e lá fora. sim, existem alguns doidos, mas estou entre os mais fanáticos por este RPG, sem dúvida, hehehe.
Há enormes qualidades como jogo, bom uso do poquer como sistema de resolução de conflitos e acho, pessoalmente, os "Devils" (na tradução da Redbox, os tais demônios) uma solução de regras espantosamente criativa.
MAS... como qualquer RPG, não vai agradar a todos (por isso inclusive a listagem). No entanto acho que é o RPG que melhor pescou o clima dos faroestes no estilo "Sergio Leone", e merece ser lido e, se possivel, jogado.
Porque é Fundamental: Porque Dust Devils é porreta, traz uma série de inovações ao RPG e a como se fazer uma mesa, e porque poquer é uma bruta idéia resolução de combates.


Wild West Cinema: Um livro que tenho lido, gostado de muita coisa, e que recomendo. Mas não sem algumas ressalvas. Primeiro, o autor em um ponto desmerece  o racismo como algo relevante na guerra civil americana, coisa que, pelo que tenho lido, continua a ser um fator de primeiríssima importância. Afinal a "defesa do modo de vida sulista" só era possivel com opressão de negros feitos escravos e racismo "racionalizado". E há alguns pontos que precisei refazer para meu gosto pessoal, como a lista de habilidades e classes de personagens. Mas é um material com bom potencial para alguém menos chato (de qq modo, publico minhas alterações sugeridas um dia desses aqui). O livro tem uma boa quantidfade de NPCs que facilitam a vida do mestre e é possivel fazer  a ambientação "poeirenta" dos filmes funcionarem sem problemas.
Porque é Fundamental: Porque para campanhas mais longas e para  jogadores que gostam de sistemas um pouco mais deliniados (por exemplo, com uma lista de habilidades) o jogo ajuda eles a se organizarem e  o mestre a penar menos em uma narrativa. É uma alternativa para  o gênero e
pode ajudar, inclusive, fãs de Dust Devils a montarem personagens.


Na espera de sair:

Far West: Um RPG que citei rapidamente AQUI, mas que é uma boa mistura de gêneros irrealistas. FAR WEST é uma ambientação que quase fica over, mas que tem um potencial narrativo bem interessante. O fato é que alguns filmes de kung Fu tinham lutadores em vez de pistoleiros como astros e podem divertir. Ao mesmo tempo, sempre corre-se  o risco de se perder a mão e virar algo meio pastelão, então pense com cuidado como opção (mas pense) se quiser narrar algo no gênero Western.
Ainda não sei que sistema irá usar, mas eles lençaram já um livro bacana de contos em cima do sistema. A conferir.
Porque é Fundamental: Porque tudo fica melhor com Kung Fu.




Guns Of Laredo: Ainda não foi publicado mas se trata de uma adaptação para o sistema de "Barbaros da Lemúria" que, pessoalmente, acho bastante promissora. Quando tiver maiores informações, comento aqui, mas nada impede vocês de correrem atrás por conta, enquanto isso.
Porque é Fundamental: O trabalho de adaptação das regras de "Barbaros da Lumúria" para o capa e espada "Honor + Intrigue" está impecável. Assim, é de se esperar que os fãs do sistema acertem a mão uma vez mais e produzam algo bem interessante.

Seja como for, o sistema de armas de fogo que  o H+I fez já é bom por si sómente,  e não creio que seja fácil, mesmo se nas maõs de algum autor incompetente, conseguir destruir o que já está funcionando.
  A torcida, ao menos, é essa.


PS: Dois avisos: Corrigi um erro em Boot Hill (sinal de que está na hora de rele-lo). Agradeço ao Igor pelo aviso.

b) O Marcelo Paschoalin informa que tem alguns exemplares do RPG ainda a venda. Quem quisr conhecer (e, de novo, recomendo fortemente que fãs do gênero conheçam) entrem em contato com ele NESTE LINK (entre na página em contatos).  

Brega Presley

9 comentários:

  1. Caramba, matéria super bacana e completa! Parabéns ao Brega!

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  2. Fiz uma modificação no texto original, rápida, na parte sobre cinema espaguete. Inclui uma brevissima explicação sobre o gênero "Anti-Western

    Os faroestes contestadores, e um tanto menos preciso historicamente (em geral), são um registro e uma lição de casa interessante para se entender parte das mudanças sociais e ideológicas que iam sendo construídas então. Em termos gerais, eles são um gênero com os dois pés fincados no pós-guerra e uma tentativa de ir além da dualidade esquisofrênica vivenciada durante a guerra fria.

    Um dos maiores faroestes críticos de todos os tempos, "High Noon" (com Gary Cooper), da década de 1950, é uma crítica extremamente ácida sobre a coverdia na cultura americana frente aos abusos cometidos pelos politicos na "caça-às-bruxas" do período.

    "O Bom, O Mal e o Feio" (do italiano Sergio Leone) em geral traduzido como "Três Homens em Conflito", por exemplo, faz da guerra civil americana palco de uma crítica bastante mordaz sobre a carnificina do Vietnã.

    Estupro, pacifismo, contestação, e até crítica ao socialismo (como em Joe Kidd) e filmes como "Rio Bravo" (uma resposta a High Noon, com John Wayne) faziam um dialogo e um meta-confronto no mundo das ideologias que, para um esoectador atento, são uma refeição completa.

    Abraços

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  3. E erros de digitação e "Esquisofrenias" (em vez de "esquizofrenias" mereciam, de minha parte, um revisionismo ortográfico antes de lançar a resposta, mas agora já foi. Desculpem os erros.

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  4. Esqueceu um dos que eu considero os mais importantes RPGs de faroeste existente. Aces & Eights.

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  5. Na verdade não foi esquecimento, mas simplesmente nunca tive contato com o material e não sei se é bom ou não. Vou me organizar para ler e escrevo a reapirto mais pra frente, valeu pelo toque, de qualquer modo.

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  6. Grande artigo Brega! Eu sempre adorei faroeste spaghetti. Três Homens em Conflito e Era uma Vez no Oeste são dois dos meus filmes favoritos.

    Eu ia citar também o Aces and Eights. Também nunca joguei, mas só ouço falar bem desse RPG.

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  7. Por Um Punhado de Dólares, Por Um Punhado de Dólares Maior ainda e Três Homens em Conflito são uma trilogia pra lá de porreta! E no Boot Hill tem a ficha de todos os personagens destes filmes, Brega!

    Sou muito fã de Boot Hill. Apesar de algumas fraquezas do sistema (como material escasso ainda na época e pouca clareza nas regras: o livro é bem pequeno se comparado ao carro-chefe do ano em que foi lançado), dá um caldo de diversão bom de roer!

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  8. Fala Diogo! Bicho, eu estou vendo (aos poucos, mas devo acbar hoje) "Por um punhado de dinamite", que por algum motivo nunca tinha visto e vou te dizer que é SENSACIONAL, também.

    Eu li (rapidamente) faz um tempo o Boot Hill (3rd) e não gostei, apesar de ter muita coisa bacana. Mas, como comentei com o Léo, preciso ler a primeira e reler a terceira edição outra vez (além de ler Aces & Eigths).

    Agora, essas fichas dos personagens são uma tremenda mão na roda, de fato.

    Quanto a material escasso, eu acho que com um gurps velho oeste e um 1887 fora alguns livros e filmes, dá pra se virar super bem.

    Abraços


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  9. Falar nisso, já li uma parte do livro de contos do Far West b(kung fu), mas o RPG que achei que saia logo, necas ainda, nem sei que sistema vão usar.

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